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LUÍS NASSIF
Sinais da América Latina
A Venezuela deu o primeiro sinal. A Argentina
seguiu atrás. Agora, a Bolívia,
e, em breve, o Chile. Todos os sinais são de esgotamento do
chamado modelo neoliberal, de
redução total da regulação e
minimização do papel do Estado.
É bobagem acreditar que o
Brasil implantou um modelo liberal nesses anos de Fernando
Henrique Cardoso. Por aqui, as
regulações são sempre excessivas, os movimentos de mudanças, sempre tímidos. O que se
conseguiu foi desarmar o papel
do Estado, como agente articulador do desenvolvimento, e
mantê-lo como instrumento de
burocratização e de aparelhamento político.
Assim, a política neoliberal
-para quem gosta de rótulos- se manifestou especificamente em uma política cambial de livre fluxo de capitais,
remunerados por taxas altíssimas de juros e fora do alcance
da Receita Federal por meio
dessa imensa rede de fundos
"offshore" pela qual caminha o
capital brasileiro dolarizado.
O problema do país é a enorme dificuldade dos grupos beneficiários por determinadas
políticas em aceitar a inevitabilidade da mudança e permitir a
travessia de forma racional. É
só conferir o que ocorreu com a
reserva de mercado dos anos
80, os impasses na política cambial, as resistências para acabar com as operações ao portador. Não fosse a loucura visionária de Fernando Collor, não
se teria rompido com o nó.
A nova etapa que virá por aí
não será necessariamente xenófoba nem exigirá lances desvairados quanto os de Collor.
Há um razoável nível de consenso sobre a importância do
investimento produtivo externo e sobre o papel das filiais das
multinacionais como agentes
do interesse brasileiro com suas
matrizes.
Há noção clara de que a dívida pública precisa ser mais bem
equacionada, não por meio de
medidas agressivas mas de um
manejo mais competente da
política monetária, do uso racional de modernas ferramentas financeiras que permitam
reduzir o peso do serviço da dívida e liberar recursos para o
setor privado.
No entanto persiste esse vezo
de parte influente da elite do
receio do presidente forte. O
perfil do futuro presidente terá
de ser o de alguém com o destemor de Collor, a capacidade
política de FHC, o senso de brasilidade de Itamar, a determinação de JK, a sensibilidade social de Lula, conhecimento técnico e equipe.
Se o presidente tiver de pedir
licença a cada ato, não atará
nem desatará.
Alliant
A Alliant -empresa norte-americana do setor de energia- informa que não está
saindo do país. Há uma guerra
societária com a Cataguazes-Leopoldina, com quem se associou.
Até agora, a Cataguazes foi
condenada em dois processos,
em uma câmara de arbitragem
em Paris, a pagar mais de R$ 80
milhões em indenização.
Recentemente, a Alliant saiu
de vários mercados, como o chinês, mas a intenção é se concentrar exatamente no Brasil, onde
estão 85% dos investimentos externos do grupo.
A tentativa de se aproximar
dos fundos de pensão para acordos que os próprios fundos consideraram nocivos foi da Fondelec -um fundo formado nos
EUA para investimento na área.
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
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