São Paulo, quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

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LIGAÇÕES PERIGOSAS

Justiça faz busca e apreensão no Opportunity

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Em mais um episódio da disputa com o grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, a nova administração da empresa de telefonia Brasil Telecom obteve na Justiça mandado de busca e apreensão de documentos do consórcio Voa, em endereços no Rio, em Três Rios (RJ) e em Belo Horizonte (MG). A operação no Rio aconteceu na noite de terça.
A BrT (Brasil Telecom, controlada pelo Citibank e por fundos de pensão) diz, no pedido, que os três aviões do consórcio "não estão nem estiveram à sua disposição" e "destinam-se a uso e gozo exclusivos do sr. Daniel Dantas, de modo a atender aos seus interesses particulares e de suas outras empresas privadas". O Opportunity geria consórcio que possui três aviões, apesar de deter apenas 3,33% das cotas.
O objetivo da ação era obter documentos e os histórico pormenorizado de todos os vôos realizados na vigência do consórcio, com a discriminação das aeronaves, das respectivas rotas, dos passageiros, além dos cronogramas de viagens elaborados pelo líder do consórcio (Dantas)".
A idéia era tentar comprovar o suposto uso indevido dos aviões, mas nenhum documento semelhante foi encontrado no Rio. A BrT alega que "não há registro nas sedes das autoras (BrT) dessas aeronaves" e a rival resiste a entregar documentos do consórcio.
Apesar de o mandado incluir o endereço residencial de Dantas, em Ipanema (zona sul do Rio), só houve busca no Opportunity. Dantas será intimado e notificado do processo nos próximos dias, no Opportunity, conforme acordo dos oficiais de Justiça com seus advogados.
Na busca e apreensão no escritório, foram recolhidas pilhas de documentos, que, listados em 80 tópicos, ocupavam 14 folhas.
Entre os papéis, contratos de arrendamento, financiamento e opção de cessão dos aviões de prefixo P1022 e P1014, além de atas de assembléias do consórcio, cartas da Aeronáutica e do DAC (Departamento de Aviação Civil), documentos contábeis, orçamentos e fluxo de caixa desde 2001.
A petição inicial dos advogados da BrT classifica a gestão de Dantas e do Opportunity como "nefasta" e "exclusivamente para obter benefício próprio, indevido e injustificado".

Outro lado
A assessoria de imprensa do Opportunity diz que, desde o início do consórcio, em 1998, "todas as contas foram aprovadas e nunca houve reclamações da gestão pelo Opportunity".
Segundo a assessoria, os problemas começaram a surgir com o acirramento da disputa pelo controle da BrT, gerida pelo Opportunity antes de entrar em conflito com os outros sócios, Telecom Italia e fundos. Neste ano, o Citibank -então o principal cotista do CVC Opportunity, controlador da BrT- destituiu o banco de Dantas da gestão do fundo e passou a administrá-lo.
O Opportunity diz que as críticas da Brasil Telecom a Dantas e sua gestão têm relação com a disputa societária.


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