São Paulo, quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

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VIZINHO

Estudo aponta crescimento de 29,5% entre 2003 e 2005, resultado superior ao verificado sob Perón e durante a paridade cambial

Argentina tem maior expansão em cem anos

VINICIUS ALBUQUERQUE
DA FOLHA ONLINE

A atividade econômica da Argentina registrou, entre 2003 e 2005, expansão de 29,5%, a maior em cem anos, segundo estudo do economista argentino Orlando Ferreres e publicado como livro, "Dois Séculos de Economia Argentina (1810-2004) História Argentina em Cifras" (em uma tradução livre do espanhol), ainda não publicado no Brasil.
O resultado superou ainda os índices registrados em momentos positivos da economia argentina, como no governo de Juan Domingo Perón (1945-1947), que chegou a 27,7%, e nos tempos da paridade entre o dólar e o peso (1991-1993), de 28,1%, revela o estudo do economista.
Segundo Ferreres, o desempenho da economia do país se deve a uma combinação de fatores, entre os quais câmbio alto, exportações e superávit fiscal.
Com a agricultura e a mineração na base da economia, a Argentina precisa de mais investimentos para desenvolver setores como o automobilístico e manter um crescimento sustentado, diz Ferreres. "É preciso gerar um ambiente propício para atrair capitais", disse o economista, em entrevista concedida à emissora de rádio argentina Radio 10.
Nesta semana, o Indec (Instituto de Estatísticas e Censos da Argentina) revelou que a atividade econômica argentina cresceu 9,3% em outubro. Nos dez primeiros meses do ano, o crescimento acumulado foi de 9,2%.
A ministra da Economia da Argentina, Felisa Miceli, afirmou que, neste ano, "está garantido o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] superior a 8,5%".
A Argentina realiza ajustes na economia. Em fevereiro, o governo fez a troca de títulos de sua dívida de US$ 81,8 bilhões depois de um processo de renegociação pelo qual os credores receberão o mínimo de US$ 0,25 para cada US$ 1 que têm direito. Mesmo assim, a renegociação teve a adesão de 76% dos credores.

Fundo Monetário
O problema foram os credores que não aderiram à proposta. Após a renegociação, o país encerrou a troca dos títulos e recusou-se a reabrir o processo. O FMI (Fundo Monetário Internacional) passou então a pressionar o governo argentino para que reabrisse as negociações, como condição de renovação do prazo de sua dívida com o Fundo.
Até o final deste ano, deveria ser pago cerca de US$ 1,75 bilhão. Em 2006 e 2007, os vencimentos com o FMI somavam US$ 6,5 bilhões.
Isso tudo até o país ter decidido quitar sua dívida com o Fundo. No dia 15, o presidente Néstor Kirchner anunciou que até o final deste ano serão pagos os cerca de US$ 9 bilhões da dívida com o FMI que venceriam até 2008.
O Senado argentino aprovou ontem a lei que autoriza o Banco Central a usar reservas para quitar a dívida com o FMI (43 votos a favor, 19 contra e 2 abstenções).


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