|
Texto Anterior | Índice
Regra da CTNBio só terá impacto na safra 2007/08
Produtor de algodão vê ano perdido, mas elogia mudança
DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A redução do número mínimo de votos necessários na
CTNBio (Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança) para liberar a comercialização de
transgênicos só deve ter impacto na safra 2007/08, segundo
especialistas e produtores.
A razão é que há tempo escasso para planejamento e para
empresas atenderem a uma
eventual demanda de produtores por sementes geneticamente modificadas, em especial de
algodão e milho, as culturas que
mais devem ser afetadas.
Na última quarta-feira, a Câmara aprovou projeto de lei
que reduz de 18 para 14, dentro
de um universo de 27 membros
da CTNBio, o número de votos
necessários para liberar o uso
comercial de transgênicos. O
projeto ainda necessita ser
aprovado pelo Senado e sancionado pelo presidente Lula.
A mudança é defendida pela
CTNBio e pelo agronegócio,
mas o Ministério do Meio Ambiente já informou que recomendará ao presidente que ela
seja vetada.
"Ainda vai demorar um ou
dois anos para que [produtores
de algodão e milho] utilizem sementes modificadas. Só agora
as empresas [que desenvolvem
as sementes] poderão multiplicá-las, porque antes não havia
autorização", disse Iwao Miyamoto, presidente da Abrasem
(Associação Brasileira de Sementes e Mudas).
Para o presidente da Abrapa
(Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), João Carlos Jacobsen Rodrigues, "mais
um ano foi perdido." Ele diz,
porém, que a comissão "agora
terá viabilidade, porque antes
não se aprovava nada".
Miyamoto, entretanto, faz
uma ressalva. Ele diz temer que
ocorra com o algodão o mesmo
que sucedeu com a soja há cerca de três anos, quando foi liberado, por meio de medida provisória, o plantio de sementes
"piratas". À época, o plantio de
soja transgênica estava disseminado, em especial no Rio
Grande do Sul, antes até que a
liberação fosse oficializada.
O cenário hoje é semelhante,
segundo analistas. Estima-se
que de 8% a 13% da produção
de algodão nacional seja geneticamente modificada, afirmou
Leonardo Sologuren, da consultoria Céleres. Ele alerta, por
exemplo, para a menor produtividade de tais sementes produzidas ilegalmente.
A hipótese da legalização forçada é negada pela Abrapa.
"Não vamos usar o fato consumado como argumento para
nada", afirmou Rodrigues.
Na fila
A Bayer pode ser a primeira
empresa a receber autorização
para a comercialização de organismos geneticamente modificados no ano que vem.
O pedido da multinacional
para comercializar milho
transgênico resistente a agrotóxicos é o mais adiantado entre os dez processos, de quatro
empresas distintas, que aguardam decisão da CTNBio: já recebeu os pareceres necessários
e só precisa ser analisado pelos
membros da comissão.
Desde a regulamentação da
Lei de Biossegurança, no ano
passado, nenhum pedido de
uso comercial de transgênicos
foi aprovado pela CTNBio. A
Bayer possui três pedidos de liberação que aguardam resposta da comissão, mesmo número
de requisições feitos pela Monsanto e pela Syngenta.
Depois da Bayer, o pedido de
liberação do milho resistente a
insetos da Monsanto é o que está mais perto de ser aprovado.
Dos dez pedidos em análise,
seis se referem à comercialização de milho, três tratam de algodão, e um, de arroz.
Texto Anterior: Vaivém das commodities Índice
|