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Metalúrgicos do ABC ameaçam reagir contra demissão na Ford
da Reportagem Local
O Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC enviou ontem uma carta para
a direção da Ford exigindo a suspensão das demissões e a abertura
imediata de negociações para evitar as dispensas.
No final da tarde de sexta-feira, a
Ford divulgou nota informando
que vai demitir 2.800 trabalhadores de sua fábrica de São Bernardo
a partir do dia 4 de janeiro, quando
os funcionários retornam das férias coletivas.
Esse número representa cerca de
40% do total de empregados na fábrica de São Bernardo.
Se a montadora não quiser negociar as demissões anunciadas na
semana passada, o sindicato do
ABC promete reagir.
"Foi um absurdo e para isso greve é muito pouco", disse o presidente da entidade, Luiz Marinho.
"Não estamos pregando a violência, mas existe muita coisa além da
greve", acrescentou o dirigente.
"Tem trabalhador que já está recebendo a carta de demissão em
casa", disse Marinho. A montadora não se manifestou ontem.
O motivo alegado pela empresa
para anunciar as demissões, que
surpreendeu o sindicato, foi a queda das vendas. A montadora vinha
operando em um só turno.
No entanto, não é segredo que a
Ford está perdendo mercado para
outras montadoras, agravando
ainda mais a crise, segundo dirigentes sindicais do ABC.
Em novembro, a Ford registrou
participação de mercado de 9,7%,
atrás da GM, Fiat e Volks.
Ontem, durante o ato pelo emprego e pela produção organizado
pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Marinho pediu ao presidente da federação, Horacio Lafer Piva, que intercedesse junto à Ford para forçar
uma negociação.
Ao final do evento, Piva afirmou
que irá telefonar para o presidente
da Ford, Ivan Fonseca e Silva.
Para Marinho, as demissões na
Ford são um prenúncio do que vai
ocorrer em 99 se o governo não der
uma sinalização de mudança na
política econômica.
A indústria automotiva espera
produzir, em 98, cerca de 1,45 milhão de unidades, cerca de 25% a
menos do que em 97. O setor prevê
produção de 1,4 milhão de unidades em 99, mas existem estimativas de produção de 1,1 milhão de
unidades, segundo Marinho.
O presidente da Confederação
Nacional dos Metalúrgicos da
CUT, Heiguiberto "Guiba" Navarro, que já foi presidente do sindicato do ABC, acredita que a empresa
não pretende demitir os 2.800, mas
forçar uma negociação para desligar cerca de 1.000 funcionários.
Em 90, o anúncio de demissões
na Ford provocou uma greve na
montadora. No mesmo ano, para
protestar contra demissões, metalúrgicos ocuparam a fábrica, danificando veículos de diretores e gerentes, em um episódio que envolveu até a Polícia Militar.
(ME)
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