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Mercado Aberto
Guilherme Barros - guilherme.barros@uol.com.br
PAC se diferencia pela vontade política, afirma Mantega
O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), anunciado ontem pelo governo, nasce debaixo de algumas dúvidas
e desconfianças. Nos últimos
anos, diversos governos tentaram planos mirabolantes como
esse, alguns mais, outros menos ambiciosos, mas o objetivo
sempre foi o mesmo, incentivar
o investimento para aumentar
o crescimento do país. Nenhum
cumpriu o programado.
A maior desconfiança em relação ao plano diz respeito à
questão fiscal, mas talvez esse
não seja o maior problema de
um plano cujo principal objetivo seja criar estímulo para ampliar o investimento público e
privado no país. A grande dúvida é se o governo terá condições de financiamento e gestão
para levar o plano até o fim.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, diz que, desta vez,
o programa será para valer. Segundo ele, o problema dos outros planos no passado não foi a
implementação, mas a falta de
vontade política. Nos passados,
a Fazenda sempre deu prioridade ao ajuste fiscal para cumprimento das metas de superávit primário, e os investimentos
acabavam sacrificados.
"Os ministros da Fazenda
sentavam em cima do dinheiro
e cortavam investimentos."
Mantega não inclui nessa avaliação o primeiro mandato do
governo Lula, que teve Antonio
Palocci à frente da Fazenda a
maior parte do tempo.
Outro problema, e talvez o
mais complicado, é a gestão. Há
anos sem investir, a máquina
governamental pode não estar
preparada para gerir um programa que pretende promover
R$ 504 bilhões em investimento em infra-estrutura até 2010.
Mantega diz que o governo
está fazendo reestruturações
internas para aparelhar a máquina e adequá-la para a nova
fase. Uma delas será no Ministério dos Transportes. Também serão criadas comissões
para acompanhar de perto a
realização das obras do PAC.
O ponto fraco do plano é a
questão fiscal. Os cortes sugeridos são tímidos. Mantega diz
que o governo tem, na verdade,
pouco jogo de cintura para mexer no problema. Segundo ele,
o governo tem reduzido despesas em setores em que não há
restrições legais, como em gastos de viagens.
O ministro reconhece que o
maior problema são as contas
da Previdência. A longo prazo,
diz que tendem a se deteriorar,
seja pelo envelhecimento da
população ou pela redução das
contribuições. "Nos próximos
30 anos, as contas da Previdência vão desandar." Ele afirmou
que é um problema mundial.
Dessa forma, disse que deposita esperança no Fórum da
Previdência, anunciado ontem
e que será criado em março,
com a participação de governo,
empresários e trabalhadores.
Mantega disse que o governo
prefere, por enquanto, não dar
sua opinião sobre o tema, embora tenha sugestões. "Há
idéias até do Appy", diz, referindo-se a Bernard Appy, secretário-executivo da Fazenda.
Ele acha que a solução para o
problema tem de partir de uma
discussão com a sociedade. "O
governo não pode impor uma
idéia de baixo para cima."
O sucesso do PAC depende
de muitos fatores, mas é fundamental que o país cresça a taxas
maiores para que todas as obras
sejam tocadas. Para isso, o governo terá de torcer muito para
o cenário continuar favorável a
fim de que os juros sigam em
queda e se possa, com isso, elevar as despesas. "Se o país não
crescer a 5%, todos estaremos
perdidos", diz Mantega.
CAOS AÉREO
O PAC começou atrasado.
Muitos empresários paulistas chegaram mais tarde ou
desistiram de ir à cerimônia
de lançamento do programa
em Brasília. O motivo foi o
atraso dos vôos que tem
acontecido em Congonhas,
desde domingo.
EXONERAÇÃO
O fundo de pensão dos
funcionários da Varig tem
novo interventor. Erno
Brentano foi exonerado na
semana passada por "dúvidas sobre a sua remuneração", disse a Secretaria de
Previdência Complementar.
Em seu lugar assumiu José
da Silva Crespo Filho.
NA MODA
A Motorola lança, no
SPFW, o Guerrillapaper, papéis de parede do americano
Joshua Davis. Mais de 2.000
pôsteres serão espalhados
por SP. O aval da prefeitura
foi dado porque a campanha
foi catalogada como arte e
não cita marca. O projeto segue para cidades como Paris,
Berlim, Londres e Milão.
TINTO
A Miolo se apresenta no
Salón del Vino, nesta semana, em Punta del Este. Morgana Miolo levará o Lote 43,
Merlot Terroir, Fortaleza do
Seival Tannat e Pinot Grigio
e o espumante Millésime.
CÂMERA NA MÃO
O Banco Real vai participar desta edição do São Paulo Fashion Week com a produção de um filme. O banco lança hoje
um vídeo que aborda o tema sustentabilidade, conceito que
já faz parte da comunicação do banco e foi introduzido nesta
edição de inverno do evento de moda. A produção será veiculada na abertura de cada desfile. Fernando Martins, diretor de estratégia de marca e comunicação corporativa do
Banco Real, afirma que "o objetivo é mostrar como a sustentabilidade pode entrar na cadeia produtiva da moda". Segundo Martins, há possibilidade de exibição do vídeo na TV
aberta e fechada. O investimento em mídia, incluindo a possível veiculação na TV, é de R$ 2 milhões.
INVERNO
O Climatempo vai oferecer previsão de tempo prolongada no SPFW, que edita
modelos para o inverno.
QUESTÃO DE HONRA
Logo depois do anúncio
do PAC, ontem, Júlio Sérgio
Gomes de Almeida, secretário de Política Econômica do
Ministério da Fazenda, telefonou para Eugênio Staub,
presidente da Gradiente.
Staub foi quem levou o economista para o Iedi quando
ele era presidente da entidade. Gomes de Almeida lembrou Staub que, quando foi
para o governo, disse a ele
que a aprovação do programa de incentivo para semicondutores era uma questão
de honra. Saiu ontem no
PAC.
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