São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 2007

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Guilherme Barros - guilherme.barros@uol.com.br

PAC se diferencia pela vontade política, afirma Mantega

O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), anunciado ontem pelo governo, nasce debaixo de algumas dúvidas e desconfianças. Nos últimos anos, diversos governos tentaram planos mirabolantes como esse, alguns mais, outros menos ambiciosos, mas o objetivo sempre foi o mesmo, incentivar o investimento para aumentar o crescimento do país. Nenhum cumpriu o programado.
A maior desconfiança em relação ao plano diz respeito à questão fiscal, mas talvez esse não seja o maior problema de um plano cujo principal objetivo seja criar estímulo para ampliar o investimento público e privado no país. A grande dúvida é se o governo terá condições de financiamento e gestão para levar o plano até o fim.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, diz que, desta vez, o programa será para valer. Segundo ele, o problema dos outros planos no passado não foi a implementação, mas a falta de vontade política. Nos passados, a Fazenda sempre deu prioridade ao ajuste fiscal para cumprimento das metas de superávit primário, e os investimentos acabavam sacrificados.
"Os ministros da Fazenda sentavam em cima do dinheiro e cortavam investimentos." Mantega não inclui nessa avaliação o primeiro mandato do governo Lula, que teve Antonio Palocci à frente da Fazenda a maior parte do tempo.
Outro problema, e talvez o mais complicado, é a gestão. Há anos sem investir, a máquina governamental pode não estar preparada para gerir um programa que pretende promover R$ 504 bilhões em investimento em infra-estrutura até 2010.
Mantega diz que o governo está fazendo reestruturações internas para aparelhar a máquina e adequá-la para a nova fase. Uma delas será no Ministério dos Transportes. Também serão criadas comissões para acompanhar de perto a realização das obras do PAC.
O ponto fraco do plano é a questão fiscal. Os cortes sugeridos são tímidos. Mantega diz que o governo tem, na verdade, pouco jogo de cintura para mexer no problema. Segundo ele, o governo tem reduzido despesas em setores em que não há restrições legais, como em gastos de viagens.
O ministro reconhece que o maior problema são as contas da Previdência. A longo prazo, diz que tendem a se deteriorar, seja pelo envelhecimento da população ou pela redução das contribuições. "Nos próximos 30 anos, as contas da Previdência vão desandar." Ele afirmou que é um problema mundial.
Dessa forma, disse que deposita esperança no Fórum da Previdência, anunciado ontem e que será criado em março, com a participação de governo, empresários e trabalhadores.
Mantega disse que o governo prefere, por enquanto, não dar sua opinião sobre o tema, embora tenha sugestões. "Há idéias até do Appy", diz, referindo-se a Bernard Appy, secretário-executivo da Fazenda. Ele acha que a solução para o problema tem de partir de uma discussão com a sociedade. "O governo não pode impor uma idéia de baixo para cima."
O sucesso do PAC depende de muitos fatores, mas é fundamental que o país cresça a taxas maiores para que todas as obras sejam tocadas. Para isso, o governo terá de torcer muito para o cenário continuar favorável a fim de que os juros sigam em queda e se possa, com isso, elevar as despesas. "Se o país não crescer a 5%, todos estaremos perdidos", diz Mantega.

CAOS AÉREO
O PAC começou atrasado. Muitos empresários paulistas chegaram mais tarde ou desistiram de ir à cerimônia de lançamento do programa em Brasília. O motivo foi o atraso dos vôos que tem acontecido em Congonhas, desde domingo.

EXONERAÇÃO
O fundo de pensão dos funcionários da Varig tem novo interventor. Erno Brentano foi exonerado na semana passada por "dúvidas sobre a sua remuneração", disse a Secretaria de Previdência Complementar. Em seu lugar assumiu José da Silva Crespo Filho.

NA MODA
A Motorola lança, no SPFW, o Guerrillapaper, papéis de parede do americano Joshua Davis. Mais de 2.000 pôsteres serão espalhados por SP. O aval da prefeitura foi dado porque a campanha foi catalogada como arte e não cita marca. O projeto segue para cidades como Paris, Berlim, Londres e Milão.

TINTO
A Miolo se apresenta no Salón del Vino, nesta semana, em Punta del Este. Morgana Miolo levará o Lote 43, Merlot Terroir, Fortaleza do Seival Tannat e Pinot Grigio e o espumante Millésime.

CÂMERA NA MÃO

O Banco Real vai participar desta edição do São Paulo Fashion Week com a produção de um filme. O banco lança hoje um vídeo que aborda o tema sustentabilidade, conceito que já faz parte da comunicação do banco e foi introduzido nesta edição de inverno do evento de moda. A produção será veiculada na abertura de cada desfile. Fernando Martins, diretor de estratégia de marca e comunicação corporativa do Banco Real, afirma que "o objetivo é mostrar como a sustentabilidade pode entrar na cadeia produtiva da moda". Segundo Martins, há possibilidade de exibição do vídeo na TV aberta e fechada. O investimento em mídia, incluindo a possível veiculação na TV, é de R$ 2 milhões.

INVERNO
O Climatempo vai oferecer previsão de tempo prolongada no SPFW, que edita modelos para o inverno.

QUESTÃO DE HONRA
Logo depois do anúncio do PAC, ontem, Júlio Sérgio Gomes de Almeida, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, telefonou para Eugênio Staub, presidente da Gradiente. Staub foi quem levou o economista para o Iedi quando ele era presidente da entidade. Gomes de Almeida lembrou Staub que, quando foi para o governo, disse a ele que a aprovação do programa de incentivo para semicondutores era uma questão de honra. Saiu ontem no PAC.


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