|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRISE NOS MERCADOS / REAÇÃO GLOBAL
Bovespa responde com alta de 4,45%
Investidores estrangeiros voltam à Bolsa, que acumula perda de 12,19% no ano; dólar recua 2,08% e fecha a R$ 1,79
Apesar de recuperação registrada ontem, analistas acham que a turbulência nos mercados financeiros deve continuar
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O corte emergencial promovido pelo Fed (o banco central
dos EUA) nos juros americanos
deteve ontem o processo de depreciação do mercado acionário brasileiro. A Bovespa registrou valorização de 4,45%, em
sua maior alta diária desde 6 de
março de 2007.
Mas ainda há muito o que ser
recuperado: no ano, a queda da
Bovespa ainda é elevada, de
12,19%. Somente na segunda, o
índice caiu 6,6%.
A virada do mercado ontem
também foi notada no câmbio,
no qual o processo de saída de
dólares foi interrompido. Isso
permitiu que o real se apreciasse. No fim do dia, a moeda americana marcava queda de
2,08%, vendida a R$ 1,792.
Todavia, a recuperação e a
melhora de ânimo dos investidores ontem não significam
que a atual crise foi superada.
Os analistas esperam mais turbulências.
"Uma decisão como a tomada pelo Fed anima o mercado
no curto prazo. Mas, enquanto
a probabilidade de recessão nos
EUA não diminuir com relevância, pode se esperar muita
volatilidade no mercado financeiro", afirma Ivo Chermont,
economista do Modal Asset
Management.
Ontem os dirigentes do Fed
reduziram os juros básicos de
4,25% para 3,50% anuais. Na
próxima semana, o mercado espera pela reunião de política
monetária do BC americano,
agendada para os dias 29 e 30,
quando mais uma redução pode ser anunciada.
Situação crítica
"A situação estava muito crítica. E o Fed percebeu que tinha um espaço para evitar uma
crise mais ampla. Se não tivesse
agido agora, poderia estar reforçando o problema", disse
Roberto Padovani, estrategista
de investimentos sênior para a
América Latina do WestLB.
A parcela de estrangeiros nas
operações da Bovespa, que representam cerca de 37% do total movimentado, eleva a importância do cenário internacional para o desempenho do
mercado acionário local. No caso do câmbio, a saída pesada de
capital externo da Bolsa verificada neste ano vinha pressionando a cotação do dólar.
O saldo dos negócios feitos
pelos estrangeiros na Bolsa em
2008 estava negativo em R$
3,97 bilhões até o dia 18. Ontem, operadores de corretoras
notaram o retorno de investidores estrangeiros para ações
de companhias brasileiras.
Para o mercado brasileiro, o
arrefecimento dos temores em
relação a uma recessão nos
EUA deve representar uma entrada mais expressiva de capital externo. A elevação na diferença dos juros praticados nos
EUA (que estão em processo de
queda) e a taxa básica Selic (que
não deve cair tão cedo) eleva a
atratividade dos investimentos
no Brasil.
Risco-país
Além disso, apesar da alta do
risco-país brasileiro nesses
tempos de crise, o indicador está muito longe de seus piores
momentos. Quanto mais alto o
risco, maior o potencial de o governo dar calote em sua dívida
externa, o que costuma assustar os investidores internacionais. Em 2002, no período da
crise pré-eleitoral, o risco brasileiro ficou acima dos 2.400
pontos. No fim das operações
de ontem, o indicador estava
em 269 pontos.
Entradas mais expressivas de
recursos externos podem voltar a derrubar o dólar a seus
mais baixos níveis. Ao menos
por enquanto, o mercado está
cauteloso e prevê que a moeda
esteja em R$ 1,80 no fim de
2008. "É necessário um cenário externo mais positivo para
contar com uma retomada de
apreciação [do câmbio]", avalia
Padovani.
Recuperação
Os investidores tiveram motivos para comemorar ontem,
pois houve valorizações bem
expressivas registradas por diferentes ações. No índice Ibovespa, as altas mais fortes ficaram com: Ipiranga Petróleo PN
(13,13%), Petrobras ON
(10,58%), CSN ON (10,42%), e
Klabin PN (9,10%).
Hoje o Copom anuncia como
fica a taxa básica Selic, que está
em 11,25% anuais. A expectativa é que a taxa seja mantida.
Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: Na ladeira, os freios falham Próximo Texto: Saiba mais: Investidor recupera parte das perdas Índice
|