São Paulo, quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

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Déficit da Previdência cresce 2,4% em 2007

Em percentual do PIB, houve primeira queda desde 2000

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Previdência Social fechou suas contas em 2007 com um déficit de R$ 46 bilhões. O valor -já corrigido pela inflação- ficou 2,4% acima do resultado registrado em 2006. Mas, em percentual do PIB (soma das riquezas produzidas pelo país) projetado para o ano, houve queda no saldo negativo. Isso não acontecia desde 2000.
Em 2006, o déficit representava 1,8% do produto interno e caiu para 1,75% no ano passado. O Ministério da Previdência comemora esse movimento e afirma que a queda se repetirá nos próximos anos. Segundo as projeções da Secretaria de Previdência Social, em 2011, o saldo negativo estará em 1,3% do PIB.
"Em 2006, fazíamos previsões de que 2007 seria o melhor ano do emprego formal. Felizmente, 2007 foi o melhor ano da série. Isso tem impactos importantes na Previdência", disse o ministro Luiz Marinho (Previdência). Ele ressaltou que no início de 2007 a expectativa de déficit chegou a ultrapassar R$ 50 bilhões.
Para a Previdência, o aumento nas contratações com carteira assinada significa que as empresas recolherão mais contribuições, o que tem efeitos positivos na arrecadação do setor. No ano passado, a arrecadação previdenciária cresceu 9,1% em relação a 2006.
"Isso é quase o dobro do crescimento esperado para o PIB no ano, que é de 5%", disse o secretário de Previdência Social, Helmut Schwarzer. As despesas também subiram acima do PIB em 2007, expandindo-se em 7,4%. O secretário destaca, porém, que o ritmo foi menor.
Além do mercado de trabalho, o governo atribui a melhoria nas contas a medidas administrativas. No ano passado, houve a fusão das secretarias de Receita Previdenciária e da Receita Federal, o que trouxe ganhos de arrecadação.
Também foi concluído no ano passado o recadastramento dos aposentados e teve início a revisão de benefícios de auxílio-doença concedidos há mais de dois anos. As duas medidas tiveram impacto na redução das despesas da Previdência.
Na análise do especialista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Marcelo Caetano, a queda do déficit em proporção do PIB deve ser vista com cautela porque a redução de 0,05 ponto percentual reflete apenas um quadro de estabilidade. Ele diz ainda que é cedo para falar em tendência.
"Entre 1999 e 2000, houve queda em relação ao PIB e depois disso o déficit só cresceu. Fora isso, várias medidas administrativas tomadas em 2007 têm efeitos limitados e não se repetirão indefinidamente."
Pelos cálculos de Schwarzer, o déficit em 2008 deverá ficar em R$ 43,9 bilhões.
Na divulgação dos dados de 2007, o ministério destacou que o déficit de R$ 46 bilhões teria ficado em R$ 43,3 bilhões se o governo não tivesse antecipado de janeiro de 2008 para dezembro último o pagamento de parte dos benefícios.


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