São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

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Desemprego nas capitais recua para 6,8%, aponta IBGE

Taxa média de 7,9% em 2008 foi a mais baixa desde 2002; pesquisa não reflete corte apurado pelo Caged em dezembro

Concentrados nas grandes cidades, comércio e serviços compensam recuo de vagas na indústria, que sente 1º a contração da economia

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Sem refletir o impacto da crise, a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país ficou em 6,8% em dezembro de 2008, a menor marca desde o início da série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, em 2002. Em novembro, a taxa havia sido maior: 7,6%. Em dezembro de 2007, ficara em 7,4%.
O ano de 2008 fechou com taxa média de desemprego de 7,9%, também a mais baixa da série. Em 2007, fora de 9,3%.
Talvez o único sinal da crise tenha vindo do setor industrial, em que o emprego recuou 2,4% de novembro para dezembro. No comércio e nos serviços prestados às empresas, por sua vez, houve expansão: 2,7% e 2,2%, respectivamente.
Esse dado, porém, não reflete a dimensão das perdas do emprego formal -com destaque para o industrial- apontadas pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que teve o pior desempenho em dez anos. Foram fechadas em todo o país 654.946 vagas com carteira assinada -273.240 somente na indústria de transformação.
Segundo Fábio Romão, especialista da LCA, além da diferença metodológica (o Caged registra só o emprego formal), o IBGE mostra menos o impacto da crise por pesquisar apenas as metrópoles, onde o peso do comércio e dos serviços é maior. Esses dois ramos, diz, são menos afetados pela crise.
"Esse é um fator que deve dar sustentação ao emprego metropolitano neste ano."
A indústria sente antes os efeitos da crise. Contrata mais com carteira e também sofre mais a contração econômica.
Para o economista, porém, "dada a catástrofe do emprego formal, o impacto foi bem pequeno na pesquisa do IBGE".
Para Cimar Azeredo Pereira, gerente da pesquisa do IBGE, o mercado de trabalho metropolitano ainda não sentiu os reflexos da crise global.

Menos procura
"Dezembro é um mês no qual a taxa desocupação é sempre mais baixa por componentes sazonais. Não houve uma entrada expressiva de trabalhadores. O que fez a taxa cair foi o fato de que dezembro tem menos dias de procura por trabalho. Ninguém procura emprego na última semana do mês", disse.
Um retrato da menor procura é a queda de 11% do contingente de desocupados em dezembro -um recuo de 199 mil pessoas em termos absolutos na comparação com novembro. Por seu turno, a ocupação ficou praticamente estável, com acréscimo de apenas 0,2% (ou 55 mil pessoas).
"Não houve um crescimento expressivo do emprego como em outros períodos. O comércio segurou um pouco, mas outros segmentos dispensam, como a indústria."
Thaís Zara, da Rosenberg & Associados, avalia que desde setembro piora o mercado de trabalho, ao analisar a taxa de desemprego com ajuste sazonal apurada pela consultoria -que passou de 7,9% em novembro a 8% em dezembro.
"Com a parada brusca do nível de atividade, o mercado de trabalho respondeu com uma defasagem menor à crise. E haverá uma piora ainda mais intensa em janeiro."
Romão também acredita numa desaceleração maior do emprego em janeiro, embora avalie que as metrópoles vão sofrer menos, pois concentram os serviços e o comércio.
Para Azeredo, do IBGE, em janeiro sempre há dispensa de temporários, o que faz a taxa de desemprego subir. "O quão maior ou não será essa dispensa é que vai mostrar quanto a crise afetou o mercado."


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