São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

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Microsoft demite 5.000 no maior corte de sua história

Lucro da companhia cai 11%; rival Google tem crescimento de 18% na receita

Vendas do sistema operacional Windows recuaram 8% no trimestre passado; unidades do Brasil não devem ser afetadas

DA REDAÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Microsoft anunciou que vai demitir, nos próximos 18 meses, 5.000 funcionários, dos quais 1.400 já foram dispensados ontem. É o maior corte de pessoal em toda a história da companhia. Em comunicado, o presidente-executivo Steve Ballmer disse que a empresa "não é imune aos efeitos da economia", mas indicou que não haverá mudanças de estratégia. As demissões vão atingir todas as áreas da empresa, hoje com 96 mil funcionários.
A Microsoft disse ainda que sua receita cresceu apenas 2% no segundo trimestre fiscal, ante igual período no ano anterior, para US$ 16,6 bilhões. Analistas previam que o valor chegaria a US$ 17,1 bilhões. Os lucros da companhia também vieram abaixo do esperado no período: US$ 4,17 bilhões, ou 11% menos que os do mesmo trimestre no ano anterior.
O desempenho inferior às expectativas reflete uma queda na demanda mundial por computadores pessoais desde o fim do ano passado, com o corte dos gastos empresariais em tecnologia da informação e uma temporada de consumo natalino que não mostrou o vigor costumeiro.
Segundo a Microsoft, os resultados também refletem a demanda crescente por "netbooks", muitos dos quais equipados com o sistema operacional mais antigo da empresa, o Windows XP, e não com o Windows Vista, o modelo atual -além de muitos outros que não usam software da empresa.
Como resultado, as vendas da divisão de sistemas operacionais da companhia caíram 8% no trimestre.
A empresa passou pela contração do setor de tecnologia em 2001 com poucos danos, graças ao crescimento continuado dos negócios de informática. No passado, teve de recorrer a demissões apenas como resultado de reorganizações limitadas de porções de suas operações ou para integrar empresas adquiridas.
Ontem, as ações da empresa chegaram a cair 12% no pregão de Nova York, o pior desempenho desde 1998. Ao fim do dia, fecharam com queda de 11,7% no pregão eletrônico Nasdaq. Em e-mail aos funcionários, Ballmer disse que a Microsoft estava tomando diversas medidas de redução de despesas, entre as quais a diminuição de seu orçamento de viagens em 20%, a suspensão dos aumentos salariais por mérito neste ano e uma redução na escala de seus planos para ampliar a sede corporativa em Redmond, no Estado de Washington.

Microsoft Brasil
A Microsoft afirma que não fará cortes no Brasil, onde ela tem 570 funcionários contratados em 13 escritórios. A companhia opera por um esquema de venda indireta. São as empresas-parceiras que fazem os negócios como representantes da Microsoft. Ao todo, são 18 mil empresas. Estimativas do IDC (International Data Corporation) mostram que 45% dos profissionais do setor de tecnologia da informação trabalham para a companhia de forma direta ou indireta, o equivalente a 495 mil pessoas. Ainda segundo o IDC, para cada dólar de receita gerada pela Microsoft no Brasil, outros US$ 12,57 são injetados diretamente na economia do país. Alguns especialistas estimam que o faturamento da companhia no país deva ficar próximo de R$ 1 bilhão. A Microsoft não divulga esse número.

Google
Apesar da crise, os negócios do Google continuam firmes, a julgar pelos resultados do quarto trimestre divulgados ontem. A receita operacional cresceu 18% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo US$ 5,7 bilhões. Em relação aos três meses anteriores, o ganho foi de 3%. O lucro chegou a US$ 382,4 milhões. Os resultados se situaram dentro do esperado pelos analistas. Um dos principais responsáveis pelos ganhos do Google foi o sistema de "clique pago", pelo qual os anunciantes pagam para aparecer em sua página de busca. O crescimento foi de 18% em relação ao ano anterior. As buscas no portal aumentaram 21% ao longo de 2008. Um dia antes, a Apple também apresentou resultados positivos. As vendas cresceram 5,8% ao longo de 2008, graças, sobretudo, ao desempenho dos laptops MacBook.


Com o "New York Times", o "Financial Times" e a Bloomberg Tradução de PAULO MIGLIACCI


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