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RECEITA ORTODOXA
Para presidente, saldo comercial deixa país em posição confortável
Brasil não precisa mais do dinheiro do FMI, diz Lula
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O Brasil não precisa mais do
FMI (Fundo Monetário Internacional) devido ao saldo da balança comercial, afirmou ontem, em
Campo Grande (MS), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele
disse ainda que seu segundo ano
de governo foi bom porque ele
"teve a sorte" de a economia crescer 5%.
"O Brasil passou oito anos tendo déficit na balança comercial.
Tinha que tomar dinheiro emprestado do FMI para saldar seus
débitos. Agora não. Nós não precisamos do dinheiro do FMI", declarou o presidente.
Na previsão do presidente, a
economia atingirá um crescimento de no mínimo 5% neste ano.
Ele chegou a dizer em Davos, na
Suíça, que seria de 5,3%.
"Se Deus quiser, em março, vamos chegar a US$ 100 bilhões de
exportações. É o recorde dos recordes de toda a história do Brasil,
se formos comparar exportações
em relação ao PIB [Produto Interno Bruto]", afirmou o presidente.
Após apresentar os números sobre exportações, que ajudariam o
país a abrir mão de novo acordo
com o FMI, Lula afirmou que teve
sorte em 2004.
"Você, Zeca [do PT, governador
reeleito de Mato Grosso do Sul],
tem experiência e sabe que o primeiro ano e o segundo [de governo] são muito ruins. A gente só
começa mesmo no terceiro. Eu tive sorte já no segundo ano porque
fazia dez anos que a economia
brasileira não crescia 5%", afirmou Lula.
Integração
Lula defendeu a integração econômica com a América do Sul,
sem rompimento com Estados
Unidos e União Européia, e disse
que enfrenta preconceito, a ser
curado com um "chá de humildade", por causa de viagens feitas a
países com economia e população
menores.
O presidente usou o crescimento das vendas ao mercado externo
para justificar suas viagens.
"Vários setores empresariais,
que tinham exportado pouco, começam a exportar muito. Por
quê? Porque nós viajamos neste
mundo vendendo as boas coisas
que o Brasil produz", discursou
Lula para uma platéia de cerca de
1.400 pessoas que lotaram o Palácio Popular da Cultura, no lançamento do projeto de industrialização para Corumbá (a 418 km de
Campo Grande).
"Nós não viajamos para pedir
favor. Eu não viajei para receber
títulos. Onde fui, levei um monte
de empresários para vender nosso calçado, a nossa roupa", afirmou Lula, sem fazer menção a seu
antecessor, Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002), sociólogo
que costumava receber títulos em
suas viagens internacionais.
Em relação aos laços com a
América do Sul, Lula afirmou que
o Brasil "não quer ser um país rico
com vizinhos na miséria absoluta". Segundo o presidente, a relação comercial com os países do
continente sul-americano já aumentou 80% durante o seu governo.
Após o evento no Palácio Popular da Cultura, Lula almoçou na
casa do governador Zeca do PT.
Às 17h, o presidente voltou a Brasília.
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