São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RECEITA ORTODOXA

Para presidente, saldo comercial deixa país em posição confortável

Brasil não precisa mais do dinheiro do FMI, diz Lula

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O Brasil não precisa mais do FMI (Fundo Monetário Internacional) devido ao saldo da balança comercial, afirmou ontem, em Campo Grande (MS), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele disse ainda que seu segundo ano de governo foi bom porque ele "teve a sorte" de a economia crescer 5%.
"O Brasil passou oito anos tendo déficit na balança comercial. Tinha que tomar dinheiro emprestado do FMI para saldar seus débitos. Agora não. Nós não precisamos do dinheiro do FMI", declarou o presidente.
Na previsão do presidente, a economia atingirá um crescimento de no mínimo 5% neste ano. Ele chegou a dizer em Davos, na Suíça, que seria de 5,3%.
"Se Deus quiser, em março, vamos chegar a US$ 100 bilhões de exportações. É o recorde dos recordes de toda a história do Brasil, se formos comparar exportações em relação ao PIB [Produto Interno Bruto]", afirmou o presidente.
Após apresentar os números sobre exportações, que ajudariam o país a abrir mão de novo acordo com o FMI, Lula afirmou que teve sorte em 2004.
"Você, Zeca [do PT, governador reeleito de Mato Grosso do Sul], tem experiência e sabe que o primeiro ano e o segundo [de governo] são muito ruins. A gente só começa mesmo no terceiro. Eu tive sorte já no segundo ano porque fazia dez anos que a economia brasileira não crescia 5%", afirmou Lula.

Integração
Lula defendeu a integração econômica com a América do Sul, sem rompimento com Estados Unidos e União Européia, e disse que enfrenta preconceito, a ser curado com um "chá de humildade", por causa de viagens feitas a países com economia e população menores.
O presidente usou o crescimento das vendas ao mercado externo para justificar suas viagens.
"Vários setores empresariais, que tinham exportado pouco, começam a exportar muito. Por quê? Porque nós viajamos neste mundo vendendo as boas coisas que o Brasil produz", discursou Lula para uma platéia de cerca de 1.400 pessoas que lotaram o Palácio Popular da Cultura, no lançamento do projeto de industrialização para Corumbá (a 418 km de Campo Grande).
"Nós não viajamos para pedir favor. Eu não viajei para receber títulos. Onde fui, levei um monte de empresários para vender nosso calçado, a nossa roupa", afirmou Lula, sem fazer menção a seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), sociólogo que costumava receber títulos em suas viagens internacionais.
Em relação aos laços com a América do Sul, Lula afirmou que o Brasil "não quer ser um país rico com vizinhos na miséria absoluta". Segundo o presidente, a relação comercial com os países do continente sul-americano já aumentou 80% durante o seu governo.
Após o evento no Palácio Popular da Cultura, Lula almoçou na casa do governador Zeca do PT. Às 17h, o presidente voltou a Brasília.


Texto Anterior: Brasil obtém aval do FMI para investimento
Próximo Texto: País pode ter acordo "light" com Fundo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.