São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

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BALANÇOS

Com crescimento de 20% no ano passado, resultado líquido atinge R$ 3,8 bi; carteira de crédito impulsionou desempenho

Itaú tem lucro recorde na história dos bancos

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Nunca um banco lucrou tanto no Brasil como o Itaú em 2004. Com um crescimento de 19,8% em relação ao exercício de 2003, a instituição alcançou lucro líquido de R$ 3,776 bilhões no ano passado, cifra recorde para o Itaú e todo o sistema financeiro brasileiro.
O lucro do Itaú -o segundo maior banco privado do país, atrás apenas do Bradesco, como mostra ranking do Banco Central- ganhou impulso especialmente com o crescimento da carteira de crédito. O retorno obtido com os serviços bancários também foi bastante relevante.
E o resultado do banco poderia ter sido ainda maior. Como costuma fazer em relação às suas aquisições, o Itaú deixou que o impacto integral do custo de recentes negócios -como o aumento de participações na Credicard e na processadora de cartões Orbitall- fosse assimilado no balanço do período.
"Sem isso, o lucro poderia ter alcançado os R$ 4 bilhões, sem dúvida", disse o presidente do Itaú, Roberto Setubal.
O patrimônio líquido consolidado da instituição encerrou 2004 em R$ 13,971 bilhões, com evolução de 17,6% em relação a 2003.
Entre os maiores bancos brasileiros que já divulgaram seus balanços, o ranking dos lucros do ano passado está assim: Bradesco (R$ 3,06 bilhões), Banco do Brasil (R$ 3,02 bilhões) e Unibanco (R$ 1,28 bilhão). Nos próximos dias, o Santander Banespa vai divulgar os seus resultados.
O Itaú também se destaca quando se analisa sua rentabilidade sobre o patrimônio líquido consolidado -importante dado sobre o poder de retorno do banco-, que ficou em 27% no ano passado. No caso do Bradesco, esse indicador ficou em 22% em 2004.
A receita com prestações de serviços do banco -que engloba transferências de recursos, emissão de cartões, entre outros- subiu 20,4% em relação a 2003 e foi a R$ 6,16 bilhões.
"É importante destacar o crescimento da receita com prestação de serviços do banco. Em 2005, creio que o Itaú possa alcançar os R$ 4,5 bilhões de lucro", avalia Erivelto Rodrigues, presidente da consultoria Austin Asis.
Setubal afirmou ontem, ao apresentar os resultados do banco, que a instituição vai focar suas ações em 2005 na continuidade da expansão do crédito à pessoa física e a pequenas empresas, destaques de crescimento em 2004.
A carteira destinada à pessoa física se expandiu 43,1% de 2003 para 2004, encerrando dezembro último em R$ 18,28 bilhões. Já os empréstimos a micro, pequenas e médias empresas saltou 70,8% no período, fechando o ano passado em R$ 8,56 bilhões. O resultado obtido com títulos e valores mobiliários (como papéis do governo e ações) cresceu 21,1% no ano passado sobre o ano anterior, ficando em R$ 5,96 bilhões.
A ação PN do Itaú subiu 2,43% no pregão da Bovespa de ontem.

Elogios e críticas
"Reconheço que o Banco Central tem acertado mais do que a gente poderia imaginar [quando começou o atual ciclo de alta de juros]. A economia está crescendo, com inflação contida. As altas [de juros] se mostraram corretas", afirmou o presidente do Itaú.
Para Setubal, a taxa básica de juros (Selic) pode encerrar 2005 entre 14% e 15%. Atualmente, a Selic está em 18,75% anuais.
Na opinião do presidente do Itaú, não há um número mágico para o câmbio. Devido à desvalorização da moeda americana nos últimos meses, o BC passou a comprar dólares e realizar leilões de "swap" cambial -contratos que podem ajudar a diminuir a apreciação do real. Para o mercado, a intenção do BC é evitar que o dólar caia muito e prejudique os resultados das exportações.
"Não acho necessário o Brasil buscar um superávit comercial [diferença entre exportações e importações] de US$ 30 bilhões. Algo em torno de US$ 10 bilhões a US$ 15 bilhões já seria suficiente para o país", disse.


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