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Bancos ainda financiam pouco, diz estudo do FMI
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os lucros cada vez maiores das
instituições financeiras estão longe de ser um reflexo da expansão
de oferta de crédito aos brasileiros. Se comparados aos de outros
países da América Latina, dos
EUA e do Japão, os bancos do
Brasil são os que obtêm maior
rentabilidade com menor compromisso com financiamentos.
A conclusão consta em pesquisa
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), feita a partir de dados do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Dados de vários países, com diferentes características econômicas -Argentina, Chile, México,
Colômbia, Peru, Estados Unidos e
Japão, além do Brasil-, foram
cruzados. Os números mostram
que, em todos eles, com exceção
do Brasil, a participação dos empréstimos nos ativos bancários
totais gira em torno de dois terços
(66,7%). Por aqui, essa relação é
de apenas um terço (33,3%).
Em contrapartida, quando os
ativos dos bancos são comparados com os juros recebidos, os
brasileiros despontam na liderança. A proporção é que os juros
correspondem a 5,2% dos ativos
bancários no país. Para os demais
latinos, o percentual é 4,2%, ante
3,1% dos bancos dos Estados Unidos e 1,2% dos do Japão.
Para o FMI, os bancos investem
cerca de 30% de seus ativos em títulos públicos, para ganhar com
os altos juros. Como não há muita
concorrência, pois o mercado é
concentrado, os empréstimos tornam-se raros e caros.
"A maior parte da receita dos
bancos advém de atividades envolvendo juros", afirmam os técnicos do FMI no texto "Estabilização e Reforma na América Latina
- Uma perspectiva macroeconômica desde o início de 1990".
Conforme o relatório, divulgado no dia 8, o rendimento dos
bancos é particularmente insensível à oscilação de custos. Ou seja,
o aumento de gastos por parte dos
bancos não abala a margem de
ganho dessas instituições.
"O sistema bancário brasileiro é
grande, pois tem um total de ativos como proporção do Produto
Interno Bruto comparável ao dos
Estados Unidos, porém os empréstimos concedidos no Brasil
equivalem proporcionalmente a
menos da metade", diz o texto.
O FMI foi além e colocou em
dúvida a competitividade dos
bancos no Brasil.
"A alta concentração das atividades bancárias e as grandes margens de juros sugerem a possibilidade da atuação de forças não-concorrenciais no setor financeiro do Brasil", dizem os economistas. "Também há evidências de
comportamento não-concorrencial por parte dos bancos públicos, os maiores do sistema."
Segundo as projeções da Febraban (Federação Brasileira dos
Bancos), em 2005 deverá haver
um crescimento de 17,78% na
oferta de crédito registrada em
2004. Isso significa um aumento
real (deflacionado) de 12%. Os
banqueiros também se defendem
da cobrança de juros. Segundo
eles, tributação e recolhimentos
compulsórios representam 29,4%
do custo de um empréstimo.
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