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ANÁLISE
Palocci também ganhou
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Bombardeado durante todo
o dia de ontem por críticas à
MP 232, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) pôde comemorar uma vitória, ainda que parcial: pouco ou nada se falou de
mudanças no artigo mais importante da medida, que afeta cerca
de 6 milhões de contribuintes.
Trata-se, é claro, da correção da
tabela do Imposto de Renda da
Pessoa Física, citada apenas como
a "bondade" a ser mantida intacta
na medida.
Não houvesse na medida provisória 232 uma infinidade de penduricalhos destinada a elevar tributos para setores localizados, a
discussão do momento provavelmente seria outra -a conveniência de promover uma correção
maior na tabela, o que beneficiaria um contingente muito maior
da sociedade.
A contragosto, movido pela
pressão das centrais sindicais, o
governo concordou no ano passado em corrigir em 10% as faixas
de tributação da tabela. O percentual é bem inferior à inflação acumulada nos primeiros dois anos
do governo Lula, que, dependendo do índice, chega aos 20%.
A correção da tabela foi uma das
bandeiras do PT nos tempos de
oposição. Manter a tabela inalterada significa aumento do imposto, porque a simples atualização
monetária dos salários leva os
contribuintes a pagar alíquotas
maiores do IR.
No governo, o PT adotou a mesma orientação de seu antecessor:
a equipe de Palocci entende que
no Brasil as faixas de isenção do
Imposto de Renda são altas, livrando a maior parte da população do imposto, considerado socialmente justo por ser progressivo conforme a renda.
Afirma-se ainda que a correção
por índices de inflação traria de
volta a prática da indexação, que
impediu o controle inflacionário
até ser eliminada pelo Plano Real
-embora ainda exista para setores-chave como a telefonia e a
energia elétrica.
No entanto não é preciso entrar
no mérito da discussão para perceber que a importância dada ontem, por exemplo, à tributação
dos prestadores de serviço, que
afeta cerca de 300 mil empresas, é
desproporcional.
(GUSTAVO PATU)
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