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Discurso em favor da medida é derrubado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O discurso do governo em favor
das elevações de tributos aos prestadores de serviços contidas na
MP 232 foi derrubado por deputados e empresários que participaram das reuniões de ontem sobre a medida.
Na Câmara, o ministro Antonio
Palocci Filho (Fazenda) tentou argumentar que a correção da tabela do Imposto de Renda, prevista
na MP, implicará uma perda de
arrecadação de R$ 2,5 bilhões, a
ser compensada pelas outras regras contidas na MP, que renderão R$ 800 milhões aos cofres do
Tesouro neste ano.
A tese do ministro foi contestada no mesmo momento pelo deputado Ricardo Barros (PP-PR).
Membro da Comissão de Orçamento, Barros lembrou que a lei
orçamentária deste ano já leva em
conta os efeitos da correção da tabela -logo, não haveria risco para as despesas previstas.
Aplaudida pelos deputados presentes, a afirmação do deputado é
discutível, porque o governo não
considera o Orçamento deste ano
realista e já prepara um decreto de
contingenciamento de gastos.
No entanto, o argumento de
Barros é difícil de desmentir, porque o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva sancionou o Orçamento
sem vetos.
Mesmo os números referentes à
MP permanecem pouco claros até
o momento. A retórica oficial prega que a medida vai gerar uma
perda de receita de R$ 1,7 bilhão
neste ano, que cairia a partir de
2006. O impacto de cada nova regra criada pela MP, porém, nunca
foi detalhado.
A exposição de motivos da medida, editada no último dia útil de
2004, também é obscura e chega a
permitir a interpretação de que,
tudo somado, haverá ganho de
arrecadação.
"A perda de arrecadação [decorrente da correção da tabela do
IR] será compensada pelo aumento da base de cálculo decorrente do crescimento da atividade
econômica", diz o texto.
Complementa-se: "Desta forma, e com a adoção de medidas
para aumentar a eficiência da administração tributária e evitar a
evasão de tributos, inseridas no
escopo desta minuta de medida
provisória, espera-se impacto positivo na arrecadação".
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