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Lula quer diretor com o perfil de Fiocca para BC
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em conversas reservadas,
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que quer pôr
na diretoria do Banco Central um economista com o
perfil do presidente do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social), Demian Fiocca.
Segundo a Folha apurou,
Lula avalia que o próprio
Fiocca seria um nome adequado, mas vê complicadores. O primeiro é evitar que
se firme a versão pública de
que sua nomeação seja uma
intervenção no BC e o fim de
sua autonomia operacional.
Segundo complicador: Lula considera que Fiocca faz
uma gestão positiva no
BNDES, banco com poder de
fogo econômico e político
superior ao de uma diretoria
do BC. Seria, portanto, mais
fácil procurar alguém com o
perfil dele.
Próximo ao ministro da
Fazenda, Guido Mantega, de
quem foi assessor no Ministério do Planejamento e a
quem sucedeu na presidência do BNDES, Fiocca é um
crítico da política monetária.
No BC, seria visto como
uma tentativa de intervenção de Lula. Meirelles poderia, por exemplo, pedir demissão, afirmam amigos do
presidente do BC.
Segundo relato de ministros, Lula faz a seguinte indagação: por que não poderia colocar um diretor entre
oito que tenha visão econômica diferente da predominante?
Na opinião de Lula, seria
uma forma de "arejar" os debates no BC e de mostrar que
o colegiado não representa o
chamado "pensamento único" -visão mais ortodoxa e
ligada ao mercado que sustentaria, por exemplo, a avaliação de que a queda dos juros deve ser mais gradual do
que defendem industriais e
sindicalistas.
Lula teve uma reunião
com Meirelles anteontem
para discutir a composição
da diretoria do BC e medidas
que a instituição vem tomando, sem sucesso, para
tentar evitar maior valorização do real.
O presidente já disse a
Meirelles e à cúpula do PT
que continuará a respeitar a
autonomia operacional do
BC. Mesmo quando fica contrariado com as decisões do
banco, não manifesta discordância pública.
O que Lula deseja, segundo auxiliares, é participar
mais das decisões econômicas. Manter Meirelles na "rédea curta", segundo expressão dele próprio.
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