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Produtos agrícolas não vão recuar, diz especialista
DA REPORTAGEM LOCAL
Um eventual aprofundamento da crise americana não deve
derrubar os preços das commodities agrícolas, que nos últimos meses alcançaram níveis
recordes. Essa é a opinião do
professor da FGV (Fundação
Getulio Vargas) Alexandre
Mendonça de Barros.
"Mesmo com uma piora do
cenário, é difícil imaginar que
vá cair muito o consumo de alimentos no mundo. Pode até haver uma redução, porém os preços não retornariam ao patamar de dois anos atrás", disse
ele após participar de debate
sobre o assunto na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo). "Ao contrário,
eles podem avançar ainda mais
se algum problema climático
provocar quebra de safra, já que
os estoques de cereais se encontram baixos."
Foram o forte crescimento
de países como a China e a Índia e a utilização de grãos para a
produção de combustíveis que
criaram essa grande demanda
recentemente. "Na minha opinião, há um descolamento do
setor agrícola do resto da economia mundial. Os fatores que
explicam a alta dos preços são
estruturais, e não existem indicações de mudança nesse panorama", comentou Albrecht
Carsten Vegener, gerente de
milho e trigo para a América
Latina da processadora de cereais ADM, também presente
ao evento, que reuniu empresários e economistas.
O Brasil não tem conseguido
fazer frente à necessidade de
elevação da produção, entretanto. "Além da valorização do
real, estamos vindo de dois
anos de endividamento dos
agricultores. Eles precisam de
mais confiança para investir",
destacou Barros. "Esperamos
uma recuperação a partir de
agora, com aumento da área
plantada."
(DENYSE GODOY)
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