São Paulo, sábado, 23 de fevereiro de 2008

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Dado pode reforçar tese de furto comum à Petrobras

Local onde estavam aparelhos deverá ajudar na investigação

SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A MACAÉ

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Um dos HDs (discos rígidos) em que haveria informações secretas da Petrobras estava do lado de fora do computador, em uma caixa junto com um gravador de DVD e dois pen-drives. Os quatro aparelhos foram furtados em janeiro no trajeto entre a bacia de Santos e a cidade de Macaé (litoral norte do Estado do Rio de Janeiro, a 188 km da capital).
O fato de o HD não estar dentro da CPU (peça do computador onde fica acoplada) pode reforçar a suspeita, por parte dos investigadores da PF (Polícia Federal), de que o furto dos equipamentos de informática teria sido cometido por um criminoso comum, não envolvido em esquemas de espionagem industrial.
De acordo com essa linha da investigação, o criminoso teria aberto a caixa e furtado aquilo que lhe parecia mais valioso. O HD não teria valor, mas, como estava ao lado dos pen-drives e do gravador de DVD, foi levado também. A peça tem um formato semelhante ao de uma caixa de CDs.

Versão inicial
A versão inicial da Polícia Federal era de que todos os aparelhos furtados estavam dentro de um contêiner que havia deixado a bacia de Santos no dia 18, chegando a Macaé no dia 30. Entre os dias 25 e 29, o compartimento ficou guardado no terminal de contêineres da empresa Poliportos, na zona portuária do Rio. Oito funcionários da empresa prestaram depoimento ontem e negaram conhecimento do furto.
A Folha revelou na quinta-feira que houve, na verdade, dois furtos de equipamentos, em momentos diferentes. Do contêiner só foram levados quatro laptops e uma impressora. Da caixa, também trazida da bacia de Santos para Macaé, mas em datas e transportes diversos, foram furtados dois HDs, os pen-drives, o gravador de DVD e também um computador clone.

Porto
De propriedade da Poliporto, o terminal onde pode ter ocorrido o furto de informações confidenciais da Petrobras é cercado de favelas, e casos de arrombamento de contêineres não são raros, de acordo com relatos de moradores e pessoas que trabalham na região.
O terminal da Poliporto -no qual o contêiner da Halliburton, empresa contratada da Petrobras, ficou armazenado no Rio de Janeiro- se localiza no Caju, bairro da zona portuária do Rio.
Segundo relatos de moradores das imediações da Poliporto que preferiram ficar no anonimato, criminosos pulam os muros e invadem terminais, apesar da segurança 24 horas nos locais.
Policiais das delegacias que trabalham na área do porto do Rio dizem, porém, que não existem registros formais de roubos de contêineres.
Acontece, porém, que a Poliporto é um terminal fora da área do chamado porto organizado, de propriedade da estatal Companhia Docas do Rio de Janeiro, que arrenda alguns terminais para empresas privadas por meio de licitação.
O Poliporto é um terminal privado e em propriedade particular. Fica na antiga área do estaleiro Ishibrás, fechado nos anos 90 devido a dificuldades financeiras.
Uma parte do terreno ficou sob responsabilidade do estaleiro Sermental, que realiza reparos e construções de embarcações no local. A outra é utilizada pela Poliporto para a estocagem de contêineres. Outros terminais também operam fora do porto, no Caju.


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