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Fundador da JetBlue quer BNDES para criar empresa no país
Empresário nascido no Brasil deve apresentar proposta na próxima semana à Anac e quer utilizar aviões da Embraer
David Neeleman conta com a simpatia do governo, que é
favorável à criação de uma empresa capaz de rivalizar
com o duopólio de Gol e TAM
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Representantes do fundador
da JetBlue, David Neeleman,
procuraram o BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) para apresentar os planos de criação de
uma companhia aérea no Brasil. Segundo a Folha apurou,
eles pretendem obter financiamento para a aquisição de jatos
da Embraer.
As negociações estão adiantadas. Neeleman conta com a
simpatia do governo, que é favorável à criação de uma empresa capaz de rivalizar com o
duopólio de Gol e TAM na aviação civil. A JetBlue é uma empresa aérea de baixo custo e
baixa tarifa criada no fim dos
anos 1990 e cresceu mesmo em
um cenário de crise no setor.
Em 2007, a Lufthansa comprou parcela de 19% na companhia por US$ 300 milhões.
No ano passado, Neeleman
foi substituído da presidência
da companhia, mas permaneceu na presidência do Conselho de Administração. A empresa enfrentou uma crise de
imagem depois que uma nevasca fez passageiros de um vôo
passarem horas dentro de um
avião sem informações.
Um dos principais pontos
que contam a favor do empresário é o fato de ele ter cidadania brasileira. Neeleman nasceu em São Paulo, em 1959. Na
época, o pai dele trabalhava como correspondente da agência
de notícias UPI. A família seguiu para os EUA quando ele
era criança, mas o empresário
voltou ao Brasil aos 19 anos para trabalhar como missionário
mórmon em Recife.
O fato de ter cidadania brasileira significa que ele não precisa se juntar a outros sócios no
país ou buscar laranjas para
montar uma nova empresa. O
Código Brasileiro de Aeronáutica prevê que a participação de
estrangeiros em companhias
aéreas seja restrita a 20%.
O projeto de criação da empresa não tem relação direta
com a JetBlue. Neeleman já levantou cerca de US$ 250 milhões com investidores para
aplicar na companhia. O avião
escolhido seria o Embraer-190.
Na próxima semana, o empresário deve apresentar pessoalmente os planos para a
criação da empresa à presidente da Anac (Agência Nacional
de Aviação Civil), Solange Paiva Vieira. Ele já contratou uma
empresa no Brasil para elaborar o plano de negócios.
O empresário pretende começar a operar até o fim do
ano, mas pode esbarrar em dificuldades como a obtenção do
Cheta (Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo), que normalmente leva quase um ano para ser
liberado. No mercado, especula-se que ele poderia comprar
uma companhia já em operação para agilizar a documentação e um dos nomes mais citados é o da Webjet. Outros nomes já foram aventados, como
os da TAF e da BRA, mas o negócio não foi adiante.
A criação da companhia também é favorável a Embraer, que
passaria a ter uma companhia
disposta a disputar uma fatia
expressiva do mercado com os
seus aviões. Procurada, a Embraer preferiu não se manifestar sobre o assunto.
Segundo o consultor em
aviação Paulo Bittencourt
Sampaio, Neeleman pretende
criar uma empresa com hub
(centro de distribuição de
vôos) em Campinas, mas com
operações também no Santos
Dumont e em Congonhas. "Vai
ser uma empresa com tarifas
mais baixas que as da Gol, praticamente nada de serviço de
bordo e TV com vários canais.
Eles deverão adotar vôos diretos. Se essa empresa sair do papel, poderá causar grande mudança no setor."
Questionado na quinta sobre
a entrada de Neeleman no
mercado, o presidente da TAM,
David Barioni, disse não menosprezar a concorrência. "O
mercado está aí para todos,
desde que sigam regras éticas.
Vamos concorrer com eles."
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