São Paulo, sábado, 23 de fevereiro de 2008

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Fundador da JetBlue quer BNDES para criar empresa no país

Empresário nascido no Brasil deve apresentar proposta na próxima semana à Anac e quer utilizar aviões da Embraer

David Neeleman conta com a simpatia do governo, que é favorável à criação de uma empresa capaz de rivalizar com o duopólio de Gol e TAM

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

Representantes do fundador da JetBlue, David Neeleman, procuraram o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para apresentar os planos de criação de uma companhia aérea no Brasil. Segundo a Folha apurou, eles pretendem obter financiamento para a aquisição de jatos da Embraer.
As negociações estão adiantadas. Neeleman conta com a simpatia do governo, que é favorável à criação de uma empresa capaz de rivalizar com o duopólio de Gol e TAM na aviação civil. A JetBlue é uma empresa aérea de baixo custo e baixa tarifa criada no fim dos anos 1990 e cresceu mesmo em um cenário de crise no setor. Em 2007, a Lufthansa comprou parcela de 19% na companhia por US$ 300 milhões.
No ano passado, Neeleman foi substituído da presidência da companhia, mas permaneceu na presidência do Conselho de Administração. A empresa enfrentou uma crise de imagem depois que uma nevasca fez passageiros de um vôo passarem horas dentro de um avião sem informações.
Um dos principais pontos que contam a favor do empresário é o fato de ele ter cidadania brasileira. Neeleman nasceu em São Paulo, em 1959. Na época, o pai dele trabalhava como correspondente da agência de notícias UPI. A família seguiu para os EUA quando ele era criança, mas o empresário voltou ao Brasil aos 19 anos para trabalhar como missionário mórmon em Recife.
O fato de ter cidadania brasileira significa que ele não precisa se juntar a outros sócios no país ou buscar laranjas para montar uma nova empresa. O Código Brasileiro de Aeronáutica prevê que a participação de estrangeiros em companhias aéreas seja restrita a 20%.
O projeto de criação da empresa não tem relação direta com a JetBlue. Neeleman já levantou cerca de US$ 250 milhões com investidores para aplicar na companhia. O avião escolhido seria o Embraer-190.
Na próxima semana, o empresário deve apresentar pessoalmente os planos para a criação da empresa à presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Solange Paiva Vieira. Ele já contratou uma empresa no Brasil para elaborar o plano de negócios.
O empresário pretende começar a operar até o fim do ano, mas pode esbarrar em dificuldades como a obtenção do Cheta (Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo), que normalmente leva quase um ano para ser liberado. No mercado, especula-se que ele poderia comprar uma companhia já em operação para agilizar a documentação e um dos nomes mais citados é o da Webjet. Outros nomes já foram aventados, como os da TAF e da BRA, mas o negócio não foi adiante.
A criação da companhia também é favorável a Embraer, que passaria a ter uma companhia disposta a disputar uma fatia expressiva do mercado com os seus aviões. Procurada, a Embraer preferiu não se manifestar sobre o assunto.
Segundo o consultor em aviação Paulo Bittencourt Sampaio, Neeleman pretende criar uma empresa com hub (centro de distribuição de vôos) em Campinas, mas com operações também no Santos Dumont e em Congonhas. "Vai ser uma empresa com tarifas mais baixas que as da Gol, praticamente nada de serviço de bordo e TV com vários canais. Eles deverão adotar vôos diretos. Se essa empresa sair do papel, poderá causar grande mudança no setor."
Questionado na quinta sobre a entrada de Neeleman no mercado, o presidente da TAM, David Barioni, disse não menosprezar a concorrência. "O mercado está aí para todos, desde que sigam regras éticas. Vamos concorrer com eles."


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