|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sem o socorro oferecido pelo Estado, grandes grupos já teriam quebrado
DE NOVA YORK
Além de já terem recebido
US$ 90 bilhões em injeções diretas de dinheiro público, os
dois maiores bancos dos EUA,
Citigroup e Bank of America, só
sobrevivem porque se beneficiam de uma outra linha de crédito criada pelo governo.
Desde o final de 2008, bancos
"problemáticos" foram autorizados a emitir títulos 100% garantidos pelo Tesouro dos EUA
de forma a atrair investidores e
levantar recursos. Só o BofA já
fez 11 dessas operações, somando US$ 35,5 bilhões. As do Citi,
US$ 24 bilhões. No total, houve
91 operações do tipo feitas por
vários bancos, que levantaram
US$ 168 bilhões.
Na prática, é como se esses
bancos agissem como o Tesouro dos EUA (pois o órgão garante as dívidas), só que o dinheiro
é usado por eles sem uma estreita supervisão federal.
Embora os bancos tenham
declarado até aqui perdas bem
menores com os ativos "tóxicos", algumas estimativas
apontam que elas podem chegar a US$ 1,8 trilhão, como a da
RGE Monitor, consultoria do
economista Nouriel Roubini,
um dos que previram com mais
exatidão a atual crise.
Diante desses números, Edward Yingling, presidente da
American Bankers Association
(a Febraban americana), respondeu afirmando que "são
previsões de quem não tem conhecimentos específicos sobre
a situação dos bancos".
Há duas semanas, o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, anunciou que
fará "testes de estresse" em vários bancos para julgar quem
continua viável. "Não é sua intenção, mas Geithner confirmará a insolvência de vários
bancos. Conhecida a verdade,
não há mais muito a fazer, a não
ser estatizar", escreveu Roubini na semana passada no "The
Wall Street Journal".
Chris Whalen, economista
da Institutional Risk Analytics,
afirma que, mesmo que os "testes de estresse" do Tesouro não
sejam feitos em breve, os balanços trimestrais que os bancos
terão de publicar no início de
abril provocarão o "fim da festa". "É quando o que está óbvio
virá à tona", disse.
Nesta crise, além da Islândia,
outros países já estatizaram
bancos, como Irlanda (Anglo
Irish Bank) e Reino Unido
(Northern Rock). Na semana
passada, a Alemanha também
aprovou lei que abre o caminho
para a esperada estatização do
Hypo Real Estate.
Os próprios EUA já estatizaram bancos no passado, no final da década de 1980, quando
foi criada a Resolution Trust
Corporation. Ela assumiu as
carteiras "tóxicas" dos chamados bancos "zumbis", impôs
perdas totais aos acionistas e
afastou os administradores.
Depois de limpos, os bancos
foram vendidos. Na época, o
plano consumiu US$ 130 bilhões e foi aplicado em bancos
bem menores dos que os que
estão no centro desta crise.
(FCZ)
Texto Anterior: EUA liquidam bancos e avaliam estatização Próximo Texto: Luiz Carlos Bresser-Pereira: Financeirização e riqueza fictícia Índice
|