São Paulo, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

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Europa quer regulação maior do mercado

Líderes da UE vão propor ao G20 reforma mais ampla do sistema financeiro e sanções duras contra paraísos fiscais

Europeus também defendem duplicação, para US$ 500 bi, de recursos do FMI para evitar o agravamento da crise em regiões como o Leste Europeu

DA REDAÇÃO

Líderes da União Europeia defenderam ontem sanções duras contra paraísos fiscais e uma regulação rigorosa dos mercados, principalmente dos fundos de investimento altamente especulativos, como parte de uma grande revisão das regras financeiras globais.
Também pediram a duplicação, para US$ 500 bilhões, dos recursos disponíveis do FMI (Fundo Monetário Internacional), para que a instituição possa evitar que a crise se agrave ainda mais em vários países.
Reunidos em Berlim, a convite da chanceler alemã, Angela Merkel, representantes de Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Luxemburgo, Espanha, Holanda e República Tcheca acertaram posições comuns para levar à reunião do dia 2 de abril, em Londres, do G20 (grupo dos países mais ricos e dos principais emergentes).
Em documento divulgado após a reunião, o grupo defendeu a supervisão de todos os mercados financeiros, em uma linguagem mais forte do que as da reunião do G20 em Washington, no final de 2008. "Todos os mercados financeiros, produtos e participantes devem ser objetos de uma supervisão ou regulação apropriadas, não importando o país de domicílio", afirma o documento.
O comunicado também diz que deve ser criada uma lista de paraísos fiscais e discutido um rol de possíveis sanções. A Alemanha liderou um esforço para reprimir países como Liechtenstein e Suíça, depois de um escândalo de sonegação de impostos no ano passado envolvendo cidadãos alemães.
A posição européia eleva ainda mais a pressão sobre o sistema bancário suíço, em meio ao recente caso do banco UBS, que admitiu na semana passada ajudar clientes americanos na montagem de esquemas de sonegação com contas secretas.

FMI
Na declaração final da reunião, os líderes europeus ressaltaram a necessidade de reforçar os recursos do FMI "para permitir a ajuda a seus membros de maneira rápida e flexível quando passarem por dificuldades". A instituição advertiu em várias oportunidades que sua capacidade de atuação poderá se esgotar. Neste mês, o Japão anunciou que injetaria mais US$ 100 bilhões no FMI.
O premiê britânico, Gordon Brown, afirmou que o reforço de caixa do Fundo será importante principalmente para socorrer economias da Europa Central e do Leste, onde se intensificaram a crise bancária, a desvalorização de várias moedas e o temor de uma onda de moratórias. Segundo ele, alguns governos dessa região precisam de ajuda imediata aos seus bancos para impedir que o contágio se alastre.
"Estamos lidando com uma crise extraordinária", disse Angela Merkel. Segundo ela, os países da UE chegarão à reunião de abril com uma posição "sólida e conjunta". Uma das críticas à forma como a União Europeia reagiu à crise global tem sido a falta de uma ação mais coordenada no bloco.
Para implantar seus planos, os europeus terão que ganhar, no G20, o apoio do novo governo dos EUA e também de economias como China e Rússia, que, segundo analistas, podem resistir a ampliar demais a regulação dos mercados.

Na Ásia
Em mais uma iniciativa para reduzir a turbulência financeira, Japão, China, Coreia do Sul e outros dez países asiáticos anunciaram ontem a formação de um fundo de US$ 120 bilhões de suas reservas internacionais para evitar o enfraquecimento de moedas da região.


Com agências internacionais


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