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São Paulo, domingo, 23 de março de 2003

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Agricultura é o principal impasse para acordo na OMC

DO COLUNISTA DA FOLHA

Mais que a guerra, o que ameaça as negociações comerciais na OMC é o impasse agrícola.
"Falando francamente, as divisões entre os governos em temas como agricultura são tão dominantes que não é necessário estímulo externo para tornar o trabalho difícil", diz Keith Rockwell, diretor da Divisão de Informação e Relações com a Mídia da OMC.
Se agricultura é de fato um elemento mais perturbador que a guerra, as perspectivas de sucesso da chamada Rodada Doha de Desenvolvimento tendem a zero.
A Rodada foi convocada há um ano meio, na Conferência Ministerial realizada na capital do Qatar. Deveria terminar em 2005 e foi chamada de "Rodada de Desenvolvimento" porque os países ricos queriam atrair o apoio dos mais pobres com lançando a isca das concessões comerciais.

Brasil
Para países como o Brasil, produtor e exportador agrícola competitivo, o fim do protecionismo agrícola seria decisivo para aumentar as exportações e, por extensão, a atividade econômica.
Mas a questão agrícola emperrou na pré-negociação. Há um prazo até o dia 31 para definir o que o jargão diplomático chama de "modalidades" da negociação: estabelecer o objetivo da negociação, a metodologia a ser seguida e os resultados finais esperados.

Bombardeio
Como os negociadores não avançaram na discussão, o presidente do Comitê de Negociações Agrícolas, Stuart Harbinson (Hong Kong), ousou preparar ele próprio um texto. Foi bombardeado de todos os lados, sem que, no entanto, os países-membros explicitassem o que queriam mudar no documento Harbinson, o único papel concreto disponível.
Na semana passada, Harbinson apresentou a revisão de seu texto, com modificações insignificantes, por "insuficiente orientação coletiva", como deixou claro. Consequência: o prazo vencerá sem que as modalidades sejam fixadas, pondo em risco toda a negociação da Rodada Doha.
É por isso que Graça Lima concorda com Rockwell. "O ataque ao Iraque e seus resultados não alteram o quadro de impasse em Genebra e que contribui para o sentimento de frustração daqueles que propugnam por um sistema multilateral de comércio mais liberalizado e menos discriminatório", afirma o brasileiro.
(CLÓVIS ROSSI)


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