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Fila compromete o lucro dos caminhoneiros
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PARANAGUÁ
"Eu sempre encarei essa vida de
caminhoneiro como vida de cachorro em beira de estrada, tendo
que entrar no mato para tomar
banho e fazer necessidades." O
desabafo é de Luíza Carneiro, 46,
que decidiu acompanhar o marido caminhoneiro, Daniel Carneiro, 50, na viagem de 1.900 km de
Campo Verde (MT) a Paranaguá
(PR) e completava ontem seis dias
na fila a 53 km do destino.
Cerca de 5.000 caminhoneiros
(segundo a Polícia Rodoviária Federal) estão parados no acostamento da BR-277, no trecho entre
Curitiba e Paranaguá, esperando
o fim do protesto de operadores e
trabalhadores do porto, para entregar as cargas de grãos da safra
2004 destinadas à exportação. A
fila chega a cerca de 70 km, de
acordo com a Polícia Rodoviária.
Carneiro, que mora em Toledo
(PR), recebeu R$ 3.900 pelo frete
de 30 toneladas de soja, mas diz
que os dias parados na fila estão
inviabilizando seu lucro.
"Isso aqui [a fila] é uma vergonha. Todos temos contas para pagar, temos família e estamos parados à espera da solução de uma
briga que não é nossa", diz Arnoldo Jeske, 59, na fila desde terça.
"Estamos sendo tratados como
os sem-terra, recebendo alimentação do governo para agüentar
aqui", diz o curitibano José Carlos
Valente, 50, que ganharia R$ 500
por "uma viagem de fim de semana" de 260 km, de Canoinhas (SC)
ao porto, e que se viu forçado a esperar na fila desde quinta-feira.
Valente e os demais caminhoneiros passaram a receber do governo do Estado, desde anteontem, kits de alimentação com um
quilo de arroz e um de feijão e 250
gramas de charque para as refeições. Segundo o chefe de Operações da Defesa Civil, tenente Maurício Genero, estão sendo distribuídos aos caminhoneiros 40 mil
refeições. Vinte banheiros móveis
e uma dezena de caixas d'água
potável foram espalhados nos
pontos mais críticos da rodovia.
(MARI TORTATO)
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