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TURBULÊNCIA
Para Standard & Poor's, volume de gastos públicos no Brasil está elevado
País tem de elevar superávit primário, diz agência de risco
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Com uma dívida pública líquida
40% mais alta que a média de outros emergentes da mesma categoria, o Brasil tem que aumentar
o seu superávit primário para ter
chances de uma melhor nota de
crédito. "Não há espaço [para o
Brasil] reduzir o superávit primário. Outros países com peso da dívida semelhante têm superávits
primários maiores, o que reduziu
o peso das suas dívidas num ritmo mais rápido que o da dívida
brasileira", afirmou ontem a
agência de risco Standard &
Poor's.
A agência não chegou a apontar
um patamar de superávit primário mais adequado para o Brasil,
mas outras agências de risco e
mesmo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) argumentam
que 5% é um bom nível para acelerar a diminuição da relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto).
Além desse indicador, a composição e a condução política dos
gastos públicos brasileiros também são fatores que limitam a
possibilidade de elevação da nota
de crédito concedida pela agência
de risco Standard & Poor's.
Atualmente, a dívida do Brasil é
avaliada com "BB-". Essa nota coloca a economia do país na categoria de "grau especulativo". Países pertencentes a esse grupo são
considerados mais suscetíveis a
não honrar com os compromissos de pagamento da dívida.
Para a S&P, devido a um cenário internacional favorável e ao
esforço fiscal brasileiro -que não
é considerado ideal, mas que está
num "bom" caminho-, a S&P
afirmou que a nota de crédito do
Brasil deve permanecer estável.
O relatório da agência critica
ainda o que considera uma política fiscal expansionista e recomenda que o governo reduza o o "alto
nível atual de gastos" que tem sido sustentado pela elevação da
carga tributária. Esse mecanismo,
diz a S&P, tira o estímulo a investimentos do setor privado.
Vulnerabilidade externa
Na avaliação da agência, o desempenho do comércio exterior
brasileiro ajudou a melhorar o resultado das contas externas brasileiras. Mas, outra vez, o Brasil sai
perdendo na comparação com os
seus pares. Países na categoria
"BB" têm exportações que representam 30% do PIB. No caso brasileiro, elas representam 19%.
A agência aponta ainda outros
problemas. "O Brasil depende do
mercado de capitais para satisfazer a sua necessidade de financiamento externo. Isso é uma outra
fonte de vulnerabilidade por causa da volatilidade do sentimento
dos investidores", diz Lisa Schineller, autora do relatório.
Sobre o acordo do Brasil com o
FMI (Fundo Monetário Internacional), a S&P afirma que uma
melhoria ou rebaixamento da nota brasileira não está condicionada à renovação do acordo com o
Fundo.
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