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LUÍS NASSIF
Um brasileiro no BID
O brasil pode dar o próximo presidente ao BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento). Só há um obstáculo: a resistência do Ministério da Fazenda. O candidato
natural é o ex-ministro João Sayad, hoje em dia terceiro homem na hierarquia do BID e
favorito à sucessão do uruguaio
Enrique Iglesias. Sayad tem
cancha, respeitabilidade, mas é
um crítico severo da atual política econômica.
Acontece que o cargo é uma
função de Estado. Empossado,
será representante do Brasil,
não de uma determinada escola de pensamento.
O BID surgiu das tratativas
do presidente Juscelino Kubitschek, que, influenciado por Augusto Frederico Schimidt, lançou a Operação Pan-Americana. A iniciativa, visando unir os
países do continente e abrir os
olhos dos Estados Unidos para
seus vizinhos, resultou no BID,
como um braço do Banco Mundial para a região.
Mesmo assim, jamais o Brasil
teve um presidente no órgão.
Os dois últimos foram o mexicano José Ortiz Penna, que saiu
depois de uma gestão atribulada; e Iglesias, que virou referência mundial. Pela ordem natural, seria a vez do Brasil e de Sayad, que conta com apoio do
próprio Iglesias.
Não haveria dificuldades em
obter o apoio dos Estados Unidos, principalmente agora, que
o ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, tornou-se interlocutor direto de Condoleezza Rice.
O Brasil já dormiu no ponto
quando vagou cargo de diretor
do FMI. Era para ser um brasileiro. Não houve interesse da
parte do Brasil, e o cargo acabou indo para Agustín Karsten,
mexicano. O último brasileiro
proeminente nesses organismos
foi Alexandre Kafka, decano
dos economistas brasileiros e,
pelo que dizem, ainda vivo e em
Nova York.
A importância política do
cargo é enorme. Ainda mais
agora, quando, no âmbito do
Banco Mundial, está ocorrendo
uma mudança radical nas suas
políticas de financiamento. Na
próxima reunião, no Japão,
vai-se substituir a atual política, de financiamento de projetos isolados, por projetos integrados. Por exemplo, financiamento do programa de reestruturação de todos os portos de
um país.
Se a Fazenda não deixar, o
presidente provavelmente será
um colombiano.
Falta de projetos
No governo Luiz Inácio Lula
da Silva, o Brasil já pagou quase US$ 5 bilhões ao Banco Mundial e recebeu US$ 1,4 bilhão
por carência de projetos.
Kroll
No jantar do Conselho das
Américas, em Nova York, em
homenagem ao ministro José
Dirceu, surgiu do nada Jules
Kroll, o presidente da Kroll, a
empresa de espionagem que se
enrolou no episódio Brasil Telecom e andou espionando até
autoridades do governo. Mais
irritado ficou o ministro quando Kroll propôs que o governo
brasileiro poderia contratar a
empresa para treinar a Polícia
Federal na luta anticorrupção.
Ficou a impressão de que Jules não tem um bom sistema de
informações sobre o que ocorre
com sua própria empresa.
E-mail-
Luisnassif@uol.com.br
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