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TRABALHO
Geração de vagas com carteira assinada teve pior fevereiro desde 99; para ministro, "situação merece olhar atento do governo"
Criação de empregos formais perde fôlego
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ritmo de expansão do emprego formal desacelerou em fevereiro, registrando o pior resultado
para o mês desde 1999 -ano da
desvalorização cambial. No mês
passado, houve aumento de
73.285 postos de trabalho com
carteira assinada, o que representa quase a metade das vagas geradas em fevereiro de 2004.
Os dados fazem parte do Caged
(Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados), que é divulgado
mensalmente pelo Ministério do
Trabalho. O cadastro foi criado
em 1992 e traz informações sobre
o mercado de trabalho formal.
"Houve crescimento do emprego formal em fevereiro, mas o número não é tão bom quanto os
meses anteriores. Ficou um pouco aquém do ritmo que vinha
acontecendo desde janeiro de
2004", declarou o ministro do
Trabalho, Ricardo Berzoini.
Segundo o ministro, o principal
motivo para a redução no ritmo
de crescimento foi o forte movimento de demissões no Nordeste.
Em fevereiro, o saldo entre contratações e demissões na região
foi negativo em 35.871 vagas.
Os desligamentos ocorreram de
forma mais intensa em Pernambuco, Alagoas e Paraíba por causa
da antecipação do fim do ciclo
(colheita) da cana-de-açúcar.
"Geralmente, o ciclo se encerra
em março, mas neste ano houve a
antecipação para fevereiro", afirmou Berzoini. Na avaliação dele, a
situação não é generalizada, visto
que o Sudeste teve bons resultados -aumento de 71.041 vagas.
Na comparação com os números registrados em fevereiro de
2004, no entanto, todas as regiões
tiveram redução no nível de contratação. "A situação merece um
olhar atento do governo [...] Não
me parece um quadro preocupante", comentou o ministro.
"Não creio que o resultado de
fevereiro seja um motivo de alerta. Em qualquer país do mundo,
juros altos afetam a economia e a
geração de emprego. Mas estamos avisando há bastante tempo
que é bom ter um olho na inflação
e outro no emprego".
O ministro admite, porém, que
a valorização do real ante o dólar
já pode estar afetando alguns setores exportadores. No setor de
calçados, por exemplo, o saldo do
emprego formal em fevereiro foi
negativo, com o fechamento de
1.312 vagas. O mesmo ocorreu
com o seguimento madeira e mobiliário, com 2.258 postos de trabalho a menos no período.
No setor de produtos alimentícios e bebidas, o saldo negativo foi
de 14.682 vagas. Para Berzoini, isso é reflexo da antecipação do fim
do ciclo da cana devido à produção de açúcar e álcool.
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