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FINANÇAS
Agentes levam computadores de agência do Credit Suisse investigada sob suspeita de remessa ilegal e lavagem de dinheiro
PF faz apreensão em banco suíço em SP
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal realizou anteontem uma operação de busca e
apreensão em uma agência de
"private banking" do Credit Suisse em São Paulo. Essa agência do
banco, um dos maiores da Suíça, é
investigada pela PF sob suspeita
de remessa ilegal de dólares e lavagem de dinheiro, entre outras.
A operação foi realizada com
policiais federais armados com
metralhadora e durou das 10h às
18h. Foram apreendidos discos rígidos de computadores que podem conter informações sobre as
remessas que teriam sido feitas
pela agência do Credit Suisse.
A agência fica num dos prédios
mais refinados da avenida Faria
Lima, na zona oeste de São Paulo.
No final dos anos 1990, essa agência só aceitava clientes com no mínimo US$ 10 milhões na conta, segundo a Folha apurou.
"Private banking" é um ramo
do mercado financeiro voltado
para a administração de grandes
fortunas.
A Delegacia de Investigações de
Crimes Financeiros da PF iniciou
no ano passado as investigações
sobre as supostas remessas do
Credit Suisse a partir de informações de ex-funcionários da própria agência.
A PF confirmou a realização da
operação, mas não deu detalhes
sobre a investigação. Ela pode ter
como foco clientes do banco ou o
próprio banco. O mais provável é
que ambos estejam sob investigação policial. O banco disse apenas
que está colaborando com a Polícia Federal (leia abaixo).
Ontem, o delegado que preside
o inquérito sobre o Credit Suisse,
Ricardo Saadi, requisitou à Justiça
Federal a quebra de sigilo de uma
série de clientes dessa agência do
banco. Uma das suspeitas é que
alguns desses clientes sejam doleiros. O Ministério Público Federal
ainda não se manifestou sobre o
pedido. Todos os documentos sobre a operação estão protegidos
por segredo de Justiça.
A agência de "private banking"
do Credit não tem relação com esse banco no Brasil. Tanto que é
subordinada na hierarquia internacional à divisão de "private
banking" do Credit nos EUA.
O Credit atua no Brasil como
banco de investimentos, com escritórios no Rio e em São Paulo.
Tem 270 funcionários e, em dezembro do ano passado, tinha um
patrimônio líquido de US$ 343
milhões (o equivalente hoje a cerca de R$ 744 milhões). Em seu site, ele se diz "o maior banco de investimento do Brasil".
A agência do Credit da Faria Lima é investigada também sob a
suspeita de desrespeitar os limites
que o Banco Central impõe aos
"private banking". O Banco Central permite que esses bancos só
operem como representantes no
país por meio de uma licença especial.
Eles não podem captar recursos
nem fazer empréstimos. Podem,
por exemplo, captar clientes para
sua agências nos EUA ou na Suíça. Na prática, quase todos os escritórios de "private banking" fazem remessas para o exterior.
Segundo dois advogados especializados no mercado financeiro
ouvidos pela Folha, o "private
banking" atua justamente no segmento de remessas de divisas para o exterior. Um dos especialistas, que não quiseram se identificar, ironizou a operação da Polícia Federal. Se a intenção da polícia é combater remessas feitas pelos "private", segundo ele, a operação não deveria atingir uma
agência da Faria Lima, mas as
mais de 20 que operam nessa avenida.
18 investigados
A Folha noticiou em fevereiro
que a PF abriu inquérito para
apurar a participação de 18 bancos em operações sistemáticas de
remessas de dólares para dentro e
fora do país com a utilização de
doleiros. A polícia chegou aos
bancos a partir de investigações
sobre doleiros. O Credit Suisse
não estava entre os 18 citados.
As remessas, diz a PF, eram
quase sempre feitas com a participação das áreas de "private banking" das instituições financeiras.
A PF pretende indiciar os administradores dos bancos para que
sejam apontados os responsáveis
por essas áreas quando as operações ocorreram.
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