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"O LONGO VÔO DA GALINHA"
Estudo da CNI mostra que PIB per capita demora cem anos para dobrar se mantiver ritmo atual
Brasil cresce menos que mundo desde 1996
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Se mantiver o ritmo de crescimento registrado nos últimos dez
anos, o Brasil demorará cerca de
cem anos para dobrar o PIB (Produto Interno Bruto) per capita,
segundo estudo divulgado ontem
pela CNI (Confederação Nacional
da Indústria). O estudo mostra
que a economia brasileira cresceu
menos do que o resto no mundo
entre 1996 e 2005 e está perdendo
"importância relativa na economia mundial". A CNI atribui o
fraco desempenho do país ao baixo nível de investimento.
Para modificar esse quadro seriam necessárias "reformas estruturais" e "solução de problemas
como o excesso de burocracia, o
rigor da legislação trabalhista, os
altos custos e a falta de acesso ao
crédito", segundo avaliação da
instituição.
Entre 1996 e 2005, o Brasil cresceu em média 2,2% ao ano contra
média de 3,8% da economia
mundial, segundo a CNI. No mesmo período, a economia brasileira acumulou expansão de 22,4%
para um crescimento de 45,6% na
economia mundial.
Com o desempenho fraco da
economia, houve empobrecimento da população, conclui o estudo. Nos últimos dez anos, o PIB
per capita do Brasil aumentou,
em média, 0,7% ao ano. A média
anual do resto do mundo para esse mesmo indicador foi de 2,6%.
Nesse ritmo, diz o estudo, o Brasil levaria cem anos para chegar
ao nível de renda de economias
como a Coréia do Sul ou Portugal.
Em 2004, o PIB per capita desses
dois países foi, respectivamente,
de US$ 20.400 e US$ 19.250, ante
US$ 8.020 no Brasil, US$ 39.710
nos Estados Unidos e US$ 12.460
na Argentina.
A projeção foi feita a partir do
PIB per capita calculado pela paridade do poder de compra. Esse
critério procura levar em consideração as diferenças de preços ou
de custo de vida entre os vários
países e o poder de compra das diferentes economias.
Mesmo na comparação com
outros países da América Latina,
o fraco crescimento brasileiro levou a um aumento menor da renda per capita. Na Argentina, o PIB
per capita subiu 2,2%, no México,
2,1%, e, no Chile, 2,8%. Na comparação com países emergentes, o
desempenho do Brasil é ainda
pior nesse indicador: o rendimento médio dos chineses, por exemplo, aumentou 7,7% ao ano.
Investimento
O nível de investimento no país
é baixo se comparado ao resto do
mundo, mas ainda menor se
comparado a outros países emergentes. Segundo a CNI, de 1995 a
2004, o volume de investimentos
no Brasil representou 19,3% do
PIB. Em outros países emergentes, como os da Ásia, a taxa média
foi de 32,6%. Na média mundial,
os investimentos representaram
22,1% do PIB.
A falta de investimento levou a
um desempenho mais fraco da
economia. Nos últimos dez anos,
segundo a CNI, em apenas duas
ocasiões (2000 e 2004), o ritmo de
crescimento do PIB brasileiro
aproximou-se do ritmo mundial.
Na média anual desses últimos
dez anos, o PIB brasileiro cresceu
a um ritmo que é 1,6 ponto percentual inferior à média mundial.
Em 25 anos, segundo o estudo
da CNI, houve três momentos
históricos em que o PIB brasileiro
cresceu menos que a média mundial: o primeiro, de 1981 a 1983; o
segundo entre 1987 e 1992 e o último, que começou em 1996, mantém-se em 2005 "com perspectivas de continuidade em 2006", segundo a entidade.
No ano passado, a economia do
país cresceu 2,3%. De acordo com
a CNI, que cita dados do FMI
(Fundo Monetário Internacional), a economia do resto do
mundo registrou um crescimento
de 4,3% no mesmo período. Para
este ano, analistas de mercado ouvidos pelo Banco Central estimam crescimento de 3,5% para o
Brasil.
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