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País mantém
"stop and go",
diz economista
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A economia brasileira permanece suscetível a um ritmo de crescimento "stop
and go". Ou seja, com taxas
de expansão do PIB (Produto Interno Bruto) que alternam fases de crescimento
mais baixo e outras com um
maior dinamismo.
Na avaliação de economistas, essa oscilação ocorre por
causa do baixo nível de investimentos em proporção
ao tamanho da economia
brasileira.
De acordo com João Sicsú,
professor de economia da
UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro), para exibir taxas de crescimento entre 5,5% e 6% ao ano, o Brasil
precisaria, no mínimo, de
investimentos equivalentes
a 26% do PIB. "O primeiro
passo para o país sair desse
"stop and go" é ter uma taxa
de investimento entre 26% e
29%. O próximo é alcançar
taxas de investimento em níveis asiáticos, mas o Brasil
ainda está bem longe disso."
Segundo estudo da CNI
(Confederação Nacional da
Indústria) divulgado ontem,
de 1995 a 2004, o volume de
investimentos no Brasil representou 19,3% do PIB. No
mesmo período, os emergentes asiáticos tiveram uma
taxa de 32,6% do PIB.
Para este ano, avalia Sicsú,
o quadro de investimentos
-tanto os do setor privado
quanto os do setor público- não deve mudar muito.
"O investimento privado
não acontece [em maior
proporção] porque a taxa de
juros é muito alta [a Selic está em 16,5%]. Por isso, na
hora de decidir entre comprar um título público e
comprar uma fábrica, muitos empresários ficam com a
primeira opção que é muito
mais rentável", argumentou
o professor da UFRJ. No caso do investimento público,
diz, é também a ciranda dos
juros altos que inibe um vigor na hora de investir.
Fator externo
O dinamismo dos emergentes asiáticos na comparação com o Brasil também
pode ser atribuído a características próprias desses países. "Os asiáticos têm altos
níveis de investimento, em
grande parte, porque a matriz econômica deles é voltada para a exportação. O Brasil está começando só agora
a ter mais participação no
comércio internacional", diz
professor Fernando Ribeiro,
do Núcleo de Negócios Internacionais da Universidade Mackenzie.
Além do principal calcanhar-de-aquiles do PIB brasileiro -o baixo volume de
investimentos-, Ribeiro
ressalta que instabilidades
externas também podem representar mais um fator para a manutenção do crescimento entre soluços da economia brasileira. "Acredito
que são mais as questões externas do que as domésticas
que preocupam. O déficit gigante em conta corrente dos
EUA, os rumos da gripe
aviária no mundo e a instabilidade no Oriente Médio.
Não é nada catastrófico, mas
pode fazer uma marola mais
séria", afirmou.
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