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COMÉRCIO EXTERIOR
Valorização do real em relação a cesta de moedas é maior do que a alta das commodities no mercado externo
Câmbio inviabiliza exportações do agronegócio
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O câmbio já começa a afetar o
saldo do agronegócio. Dependendo do comportamento do real nos
próximos meses, as exportações
de commodities podem perder
ainda mais a atratividade.
Sem exportações, e com oferta
interna maior de produtos, os
preços vão cair e comprometer
ainda mais a renda dos produtores brasileiros.
É o que mostra estudo do Cepea
(Centro de Estudos Avançados
em Economia Aplicada) da Esalq
(Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz), da USP (Universidade de São Paulo).
Fabiana Fontana, pesquisadora
do Cepea, diz que, para acompanhar esses dados, o órgão montou
um índice de atratividade de exportações composto por dois
itens: câmbio e preços externos. O
resultado já é preocupante e deve
ficar ainda pior se não houver
mudança tanto no rumo do câmbio como no dos preços.
Fontana cita os dados de dezembro de 2005, quando o índice
de atratividade das exportações já
mostrava recuo de 14,66% em relação ao do mesmo mês de 2004.
Nesse período analisado, o Cepea constatou que o valor de uma
cesta de moedas dos países parceiros do Brasil no comércio exterior teve queda de 20,67% em relação ao real.
No mesmo período, os preços
das commodities tiveram alta de
apenas 7,58% no mercado externo. Ou seja, o avanço do real foi
bem maior do que a recuperação
dos preços externos.
Fontana cita, ainda, os dados de
janeiro de 2006 em relação aos de
2005. A alta das commodities no
mercado externo, puxada por alguns produtos como açúcar, café
e suco de laranja, permitiu valorização média de 11,23%. Já o volume exportado subiu apenas 4,3%.
Os dados de janeiro deste ano
em relação aos de dezembro, embora tenham componente sazonal forte, indicam alta de apenas
0,41% nos preços das commodities e queda de 18,85% no volume
exportado.
A pesquisadora do Cepea diz
que a mensagem fica clara: a alta
de preços já não consegue mais
ser um atrativo para as exportações devido à valorização do real.
Essa taxa de câmbio "começa a
comprometer as exportações do
futuro e o saldo externo".
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