São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ECONOMIA GLOBAL

País tem alta do custo dos produtos devido a valorização do yuan e aumento do custo de mão-de-obra

China perde competitividade, diz trading

TOM MITCHELL
DO "FINANCIAL TIMES"

A competitividade do setor industrial chinês sofreu séria erosão ao longo do ano passado, de acordo com uma das maiores companhias de trading do mundo.
O Li & Fung Group, de Hong Kong, que administra US$ 7,1 bilhões ao ano em operações de trading, informou que aumentos de preços haviam voltado a se fazer sentir nas cadeias de suprimento que vinculam a China aos Estados Unidos e à União Européia, no ano passado, depois de pelo menos seis anos de deflação muitas vezes considerada "severa".
William Fung, diretor-executivo da Li & Fung, registrou um aumento médio de entre 2% e 3% nos preços antes incomparavelmente baixos que seus clientes europeus e norte-americanos estavam dispostos a pagar por produtos e insumos chineses.
Ele apontou para o aumento "de dois dígitos" nos custos da mão-de-obra chinesa, para a valorização do yuan, a moeda chinesa, e para os custos de energia e petróleo mais elevados como responsáveis pela tendência.
"Os custos chineses estão todos subindo", disse Fung. "O país já não tem a melhor relação custo/ benefício da região. Qualquer produto cuja fonte seja a China tem componente inflacionário superior ao de outros lugares."
Os beneficiários da alta de preços na China incluem fabricantes de roupas e produtos têxteis na Índia, Bangladesh e Camboja, os quais supostamente deveriam ter perdido encomendas em benefício da indústria têxtil chinesa depois que expirou o tratado internacional de cotas para o setor têxtil, em janeiro de 2005.
Esses concorrentes foram salvos, porém, por "salvaguardas" impostas pelos EUA e pela União Européia contra determinados produtos têxteis chineses no ano passado, para impedir uma alta descontrolada da importação, e também pelo efeito das pressões de alta de custos na China. "As salvaguardas detiveram o avanço chinês no mercado de têxteis", disse Fung.
"Em Bangladesh, a capacidade das fábricas está sendo ocupada a tal ponto que o país se assemelha à China no passado recente", acrescentou Bruce Rockowitz, presidente da divisão de trading da Li & Fung.
A pressão inflacionária se estende a todas as categorias de produtos com que a Li & Fung opera, que vão de acessórios de moda e a produtos esportivos e de viagem.

Em entrevista de anúncio de resultados, a Li & Fung anunciou aumento de 18% no faturamento do grupo, para 55,6 bilhões de dólares de Hong Kong (US$ 7,1 bilhões) em 2005.
A empresa também registrou alta em sua "margem total", que representa a diferença entre o que paga às fábricas na China e os preços que cobra de varejistas.


Tradução de Paulo Migliacci

Texto Anterior: Teles: Telecom Italia descarta vender TIM no Brasil
Próximo Texto: Trabalho: GM e Delphi oferecem acordo a 125 mil pessoas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.