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ECONOMIA GLOBAL
País tem alta do custo dos produtos devido a valorização do yuan e aumento do custo de mão-de-obra
China perde competitividade, diz trading
TOM MITCHELL
DO "FINANCIAL TIMES"
A competitividade do setor industrial chinês sofreu séria erosão
ao longo do ano passado, de acordo com uma das maiores companhias de trading do mundo.
O Li & Fung Group, de Hong
Kong, que administra US$ 7,1 bilhões ao ano em operações de trading, informou que aumentos de
preços haviam voltado a se fazer
sentir nas cadeias de suprimento
que vinculam a China aos Estados
Unidos e à União Européia, no
ano passado, depois de pelo menos seis anos de deflação muitas
vezes considerada "severa".
William Fung, diretor-executivo da Li & Fung, registrou um aumento médio de entre 2% e 3%
nos preços antes incomparavelmente baixos que seus clientes europeus e norte-americanos estavam dispostos a pagar por produtos e insumos chineses.
Ele apontou para o aumento
"de dois dígitos" nos custos da
mão-de-obra chinesa, para a valorização do yuan, a moeda chinesa,
e para os custos de energia e petróleo mais elevados como responsáveis pela tendência.
"Os custos chineses estão todos
subindo", disse Fung. "O país já
não tem a melhor relação custo/
benefício da região. Qualquer
produto cuja fonte seja a China
tem componente inflacionário
superior ao de outros lugares."
Os beneficiários da alta de preços na China incluem fabricantes
de roupas e produtos têxteis na
Índia, Bangladesh e Camboja, os
quais supostamente deveriam ter
perdido encomendas em benefício da indústria têxtil chinesa depois que expirou o tratado internacional de cotas para o setor têxtil, em janeiro de 2005.
Esses concorrentes foram salvos, porém, por "salvaguardas"
impostas pelos EUA e pela União
Européia contra determinados
produtos têxteis chineses no ano
passado, para impedir uma alta
descontrolada da importação, e
também pelo efeito das pressões
de alta de custos na China. "As
salvaguardas detiveram o avanço
chinês no mercado de têxteis",
disse Fung.
"Em Bangladesh, a capacidade
das fábricas está sendo ocupada a
tal ponto que o país se assemelha
à China no passado recente",
acrescentou Bruce Rockowitz,
presidente da divisão de trading
da Li & Fung.
A pressão inflacionária se estende a todas as categorias de produtos com que a Li & Fung opera,
que vão de acessórios de moda e a
produtos esportivos e de viagem.
Em entrevista de anúncio de resultados, a Li & Fung anunciou
aumento de 18% no faturamento
do grupo, para 55,6 bilhões de dólares de Hong Kong (US$ 7,1 bilhões) em 2005.
A empresa também registrou
alta em sua "margem total", que
representa a diferença entre o que
paga às fábricas na China e os preços que cobra de varejistas.
Tradução de Paulo Migliacci
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