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Interesse em renovação une Lula e Serra
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Até 2027, acabará o contrato de concessão de 32 usinas (entre hidrelétricas, pequenas centrais e termelétricas), sem possibilidade de renovação pelas regras atualmente em vigor. Entre as usinas que ficarão sem contrato,
estão grandes hidrelétricas
federais, como Xingó (Chesf,
3.162 MW), que tem concessão até outubro de 2015.
A renovação da concessão
de usinas hidrelétricas é uma
decisão política e técnica do
governo federal. A Aneel
(Agência Nacional de Energia Elétrica) faz uma análise
técnica do pedido e envia sua
sugestão ao Ministério de
Minas e Energia. Até hoje,
nunca uma usina que poderia ter sua concessão renovada teve o pedido negado.
As concessões de usinas
hidrelétricas têm duração de
35 anos, renováveis por mais
20, apenas uma vez. Se não
houver nada mais específico
expresso no contrato de concessão, os 35 anos começam
a contar da data da entrada
em operação de cada usina.
Para pedir a renovação, o
concessionário da usina deve, em um prazo de até 36
meses, encaminhar o pedido
à Aneel. A agência leva em
consideração, principalmente, dois aspectos: 1) se o investimento feito pelo empreendedor já está amortizado (ou seja, se a usina já se
pagou); e 2) se as tarifas cobradas pela energia vendida
são consideradas módicas.
Quando a usina não está
amortizada (paga), o Estado
é obrigado a ressarcir o seu
dono caso não opte pela renovação da concessão.
A lei 9.074/95 permite
que, em caso de privatização,
haja renovação das concessões das usinas da empresa a
ser privatizada por 30 anos
(dez a mais que a renovação
normal prevista na mesma
lei). Esse dispositivo só pode
ser aplicado, no entanto, se a
primeira renovação ainda
não tiver acontecido. Para
que isso tivesse acontecido
com a usina de Porto Primavera, por exemplo, teria sido
necessário um entendimento prévio (antes da publicação do edital) entre o governo do Estado de São Paulo e o
federal.
Na última quinta-feira, o
ministro Edison Lobão (Minas e Energia) enviou ao governador José Serra (PSDB-SP) carta informando que a
concessão da usina de Porto
Primavera foi renovada por
mais 20 anos.
Eletrobrás
A política do governo em
relação ao setor elétrico é de
fortalecer a Eletrobrás. A estatal ganhou poder de ser
majoritária em consórcios
que vão disputar novos empreendimentos e poderá até
atuar no exterior. Nessa linha, não interessa perder o
controle de grandes usinas
como a hidrelétrica de Xingó.
Assim, o interesse do governo de Luiz Inácio Lula da Silva se alinha ao do governador
José Serra para alterar a lei e
permitir mais do que uma
prorrogação.
A maior parte das usinas
federais fica sem concessão
em 2015, mesmo ano em que
acaba o contrato das hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira, da Cesp. Na área técnica
do Ministério de Minas e
Energia, há um consenso de
que será necessária uma mudança na legislação.
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