da Reportagem Local

O acordo emergencial do setor automotivo deve provocar aumento de vendas para as fábricas de autopeças somente em abril.
O faturamento das fábricas de autopeças no primeiro trimestre deste ano vai apresentar queda de 20,3% em relação a 98, chegando a R$ 3,7 bilhões -já descontada a inflação do período. Em dólar, a queda no faturamento neste trimestre deve chegar a 41,6%.
A previsão é do presidente do Sindipeças (entidade das empresas do setor), Paulo Butori.
"Estamos trabalhando dentro da programação prevista", disse ontem o empresário ao apresentar a Automec 99 -4ª Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços, que começa hoje no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo.
Para o ano, o faturamento deve permanecer em torno de R$ 16,8 bilhões, o mesmo de 98. Em dólar, entretanto, deve cair de US$ 14,5 bilhões para US$ 10,5 bilhões, como resultado da desvalorização.

Recuperação
As empresas de autopeças também assinaram o acordo emergencial do setor automotivo, se comprometendo a manter o nível de emprego do setor por 90 dias.
Só o acordo emergencial, entretanto, não será suficiente para uma retomada sustentada do mercado de veículos, segundo avaliação do Sindipeças.
A esperança do setor é que, após o fim do acordo emergencial, em maio, o governo federal tenha pronto o plano de renovação da frota nacional de veículos.
"Assim poderemos ter uma produção de até 1,45 milhão de veículos neste ano e manter o atual nível de emprego nas fábricas, de 167 mil trabalhadores", disse Butori.
Entre dezembro e fevereiro, as indústrias de autopeças demitiram cerca de 5.000 empregados.
Sem o acordo emergencial e o programa de renovação da frota, a previsão era de produção máxima de 1,1 milhão de veículos neste ano.
Esse volume representaria uma queda de 30% em relação ao número produzido pelas montadoras no ano passado.
A desvalorização do real, tornando as autopeças produzidas no Brasil mais competitivas e desestimulando as importações, deve provocar um incremento de 5% nas exportações, que podem chegar a US$ 4,5 bilhão.
As importações, por sua vez, podem cair até 20%, de acordo com o presidente do Sindipeças.
As empresas do setor deverão investir US$ 1,6 bilhão neste ano, grande parte disso para a nacionalização de uma parcela do que era importado pelas montadoras.
Na feira do setor que começa hoje, por exemplo, 11 montadoras instalaram estandes e aproveitarão a semana para negociar diretamente com os fornecedores a nacionalização de peças. (ME)