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CURTO-CIRCUITO
Empresa repassaria ao banco créditos que tem a receber de SP
Cesp deve receber ajuda de R$ 657 milhões via BNDES
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo do Estado de São
Paulo prepara um socorro à Cesp
que resultará no repasse de R$
657,4 milhões do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) à empresa.
A ajuda -que faz parte do esforço para equacionar a dívida de
R$ 11,4 bilhões da empresa- tem
o apoio do governo federal e foi
costurada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) com três ministros e o secretário do Tesouro
Nacional.
Trata-se de uma operação de
"cessão de dívida", pela qual a
Cesp repassaria ao BNDES os créditos que tem a receber do governo paulista, naquele valor. São dívidas da extinta Paulipetro que a
companhia energética pagou nos
anos 80, em lugar do Estado, e pelas quais vem sendo reembolsada
em suaves prestações mensais
desde novembro de 2000. Ainda
tem a receber cerca de 90 parcelas.
Segundo o secretário de Energia
do Estado, Mauro Arce, o BNDES
repassará imediatamente os R$
657,4 milhões à Cesp, e o governo
paulista fará os pagamentos das
parcelas mensais ao banco. A
transferência para a União de dívidas de governos estaduais com
estatais de energia elétrica está
prevista na medida provisória
2.181, de agosto de 2001, editada
pelo então presidente Fernando
Henrique Cardoso.
Para ser realizada, porém, ela
depende de aprovação do ministro da Fazenda. Segundo Arce,
Alckmin vem negociando o acerto desde janeiro com a área federal. "Estivemos com a ministra de
Minas e Energia, Dilma Rousseff,
com os ministro [Antonio" Pallocci [Filho", da Fazenda, e José
Dirceu, da Casa Civil, além do secretário do Tesouro Nacional,
Joaquim Levi."
Para que o contrato de cessão de
dívida seja assinado, só falta a Assembléia Legislativa do Estado
autorizar o governador a conceder "contragarantias" ao débito.
Por esse mecanismo, se no futuro
o Executivo paulista der o calote
no BNDES, o Tesouro Nacional
quitará a dívida e se ressarcirá tomando receitas de São Paulo.
No último dia 16, às vésperas do
feriado de Páscoa, o governador
Alckmin enviou projeto de lei à
Assembléia Legislativa em que solicitava autorização para prestar
as "contragarantias".
Os R$ 657,4 milhões que receberá do BNDES darão algum fôlego
à Cesp, mas não resolvem seu endividamento. "A operação com o
BNDES dá algum alívio para a
Cesp no curto prazo, mas como
fica o restante da dívida?", diz
Carlos Augusto Kirchner, diretor
do Sindicato dos Engenheiros no
Estado de São Paulo e antigo funcionário da companhia.
Reforço de caixa
Segundo o presidente da Cesp,
Guilherme Cirne de Toledo, "os
recursos serão usados para reforço de caixa da empresa". Só em
juros da dívida, a Cesp tem de pagar R$ 2,8 bilhões neste ano, mas
não gera caixa para isso. Suas receitas são estimadas em R$ 900
milhões em 2003.
No próximo dia 9 de maio vencem US$ 150 milhões em eurobônus emitidos pela empresa e que
ela tenta renegociar com os detentores do papel. A Cesp se propõe a
pagar 20% do débito no vencimento e quer rolar o restante, pagando um ponto percentual a
mais de juros anuais aos detentores do papel.
Hoje os investidores que detêm
esses papéis terão assembléia em
Londres para decidir se aceitam a
proposta da empresa. Se concordarem, segundo Arce, R$ 100 milhões dos recursos que serão
transferidos pelo BNDES serão
usados para resgatar 20% dos eurobônus.
Esse débito faz parte de um pacote maior, de US$ 500 milhões
em eurobônus, que o JP Morgan
está renegociando com credores
internacionais em nome da Cesp.
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