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LUÍS NASSIF
A novela Cemar
A novela Cemar ainda
não foi suficientemente
explicada nem pela Aneel
(Agência Nacional de Energia
Elétrica) nem pela Eletrobrás.
A carta de Luiz Pinguelli Rosa,
publicada ontem pela coluna,
não esclarece pontos centrais
da questão.
Anteontem havia recebido e-mail com a posição da Mt. Baker, contestando a carta de
Pinguelli. Os argumentos foram encaminhados à Eletrobrás para contra-argumentação.
A não ser uma questão factual -a dívida da Cemar com
a Eletronorte, de compra de
energia, de R$ 180 milhões, e
não R$ 100 milhões-, a carta
não esclarece nenhum dos
pontos levantados.
Pinguelli informa que o processo foi conduzido pela Aneel,
e não pela Eletrobrás. Ora, o
ponto central da compra da
Cemar era o aval da Eletrobrás para a renegociação das
suas dívidas e da Eletronorte.
A competição se decidiu em favor da SVM (do grupo GP)
quando a Eletrobrás decidiu
aceitar sua proposta, em detrimento da segunda proposta,
da Mt. Baker.
Em sua carta, Pinguelli, presidente demissionário da Eletrobrás, informa que "a diferença entre as propostas apresentadas pelas empresas SVM
Participações e Mt. Baker é tão
significativa que a Eletrobrás
não tem nenhuma dúvida
quanto à sua decisão favorável
à SVM". Que a Eletrobrás não
tenha, ótimo! Mas gostaria
que compartilhasse suas certezas com a coluna. Tom Tribone, o representante da Mt. Baker, escreveu negando que a
empresa tivesse proposto qualquer forma de deságio na dívida com a empresa. Pinguelli
sustentou que a proposta da
Mt. Baker, de pagamento integral da dívida, se referia a apenas 61% do passivo. Tribone
afirma que se referia a todo o
passivo.
Solicitei à Eletrobrás o histórico das propostas analisadas,
mesmo porque a empresa renegociou os termos do acordo
com a SVM depois de ela ter sido a escolhida. Se fez isso com
a vencedora, por que não explorou as possibilidades de
uma disputa entre os dois
competidores?
Quando solicitei a análise financeira das duas propostas, a
resposta da área financeira da
Eletrobrás é que os detalhes só
poderiam ser divulgados pela
Aneel. A resposta de pessoas
da Aneel foi uma pequena risada. A agência confirma que
a Mt. Baker não apresentou a
proposta de renegociação com
os credores no prazo, mas diz
que os termos do acordo com a
Eletrobrás dependiam apenas
das duas partes. Não cabia à
Aneel opinar sobre essa matéria. Mesmo porque a informação que recebeu da Eletrobrás
foi bastante sucinta, sem conter detalhes da negociação.
Pinguelli diz que a SVM
apresentou uma proposta de
R$ 30 milhões de recursos novos. Tribone sustenta que a
proposta da Mt. Baker era colocar o dobro disso em recursos
à vista.
Finalmente, Pinguelli afirma que "é lamentável que o
grupo AES não tenha deixado
nenhuma lição". A Cemar foi
vendida para um fundo de investimento administrado pela
GP, mas de quem não se conhecem os titulares. Como fica?
Repito: é importante que as
propostas sejam publicamente
divulgadas, para que uma decisão dessa monta não fique
sujeita a subjetivismos dessa
espécie.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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