São Paulo, domingo, 23 de abril de 2006

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País tem cenário ruim para investimentos

DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Entre 63 países em desenvolvimento pesquisados pelo Banco Mundial (Bird), o Brasil continua apresentando alguns dos piores indicadores relacionados ao ambiente para investimentos no setor produtivo.
O Brasil é o campeão no descontentamento dos empresários com os impostos e com o excesso de regulamentação na área trabalhista. Em termos de dificuldades e custos para se obter financiamentos, o país só perde para o Marrocos. E em termos de corrupção, só fica atrás da Guatemala e do Quênia (ver quadro).
Os dados foram apresentados ontem no relatório "Indicadores de Desenvolvimento Mundial". O Bird consultou mais de 50 mil empresas em 63 países para a pesquisa, que mostra a percepção dos empresários locais sobre os principais problemas que travam o ambiente de negócios.
O relatório destaca que, na América Latina como um todo, mais de 50% dos empresários apontaram os níveis de criminalidade com um dos principais obstáculos para trabalhar.
Também nesse quesito, o Brasil ganhou posição de relevo negativa. Ficou em quatro lugar no ranking, atrás mais uma vez de Guatemala, Quênia e Honduras.
O relatório destaca que nos últimos dez anos a América Latina obteve uma taxa de crescimento média de 2,1%, bem abaixo até mesmo da região mais pobre do planeta, a África subsaariana, que cresceu 3,4%, em média.
O economista-chefe do Banco Mundial, François Bourguignon, atribuiu à elevada desigualdade social e ao endividamento da região o fraco desempenho da última década. "Os dois problemas afetam o crescimento na medida em que mantêm a região sujeita a muita volatilidade", disse.
Mesmo assim, Bourguignon acredita que a América Latina cumprirá o principal objetivo das chamadas Metas do Milênio, o de reduzir à metade o número de pessoas vivendo com menos de US$ 1 ao dia até 2015. "Se mantida a tendência de crescimento dos últimos três anos, essa meta deverá ser atingida", afirma.
Comparando a América Latina aos países do sudeste asiático, o economista disse que o problema de Brasil e região é que o comércio internacional está muito concentrado em produtos básicos e commodities agrícolas. Na Ásia, são os manufaturados que lideram as exportações.Segundo o Bird, a Ásia continua na frente como a região do mundo que mais cresce. A média dos últimos dez anos foi de 5,8% ao ano. (FCZ)


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