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País tem cenário ruim
para investimentos
DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Entre 63 países em desenvolvimento pesquisados pelo Banco
Mundial (Bird), o Brasil continua
apresentando alguns dos piores
indicadores relacionados ao ambiente para investimentos no setor produtivo.
O Brasil é o campeão no descontentamento dos empresários
com os impostos e com o excesso
de regulamentação na área trabalhista. Em termos de dificuldades
e custos para se obter financiamentos, o país só perde para o
Marrocos. E em termos de corrupção, só fica atrás da Guatemala
e do Quênia (ver quadro).
Os dados foram apresentados
ontem no relatório "Indicadores
de Desenvolvimento Mundial". O
Bird consultou mais de 50 mil empresas em 63 países para a pesquisa, que mostra a percepção dos
empresários locais sobre os principais problemas que travam o
ambiente de negócios.
O relatório destaca que, na
América Latina como um todo,
mais de 50% dos empresários
apontaram os níveis de criminalidade com um dos principais obstáculos para trabalhar.
Também nesse quesito, o Brasil
ganhou posição de relevo negativa. Ficou em quatro lugar no ranking, atrás mais uma vez de Guatemala, Quênia e Honduras.
O relatório destaca que nos últimos dez anos a América Latina
obteve uma taxa de crescimento
média de 2,1%, bem abaixo até
mesmo da região mais pobre do
planeta, a África subsaariana, que
cresceu 3,4%, em média.
O economista-chefe do Banco
Mundial, François Bourguignon,
atribuiu à elevada desigualdade
social e ao endividamento da região o fraco desempenho da última década. "Os dois problemas
afetam o crescimento na medida
em que mantêm a região sujeita a
muita volatilidade", disse.
Mesmo assim, Bourguignon
acredita que a América Latina
cumprirá o principal objetivo das
chamadas Metas do Milênio, o de
reduzir à metade o número de
pessoas vivendo com menos de
US$ 1 ao dia até 2015. "Se mantida
a tendência de crescimento dos
últimos três anos, essa meta deverá ser atingida", afirma.
Comparando a América Latina
aos países do sudeste asiático, o
economista disse que o problema
de Brasil e região é que o comércio
internacional está muito concentrado em produtos básicos e commodities agrícolas. Na Ásia, são os
manufaturados que lideram as
exportações.Segundo o Bird, a
Ásia continua na frente como a
região do mundo que mais cresce.
A média dos últimos dez anos foi
de 5,8% ao ano.
(FCZ)
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