São Paulo, domingo, 23 de abril de 2006

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G24 cobra mudanças, mas critica o formato

DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O G24, grupo de 24 países em desenvolvimento do qual o Brasil faz parte, criticou o formato que o FMI (Fundo Monetário Internacional) pretende adotar para a reforma no seu atual sistema de representatividade.
"Gostaríamos de uma reforma fundamental em todo o sistema", afirmou o mexicano Ariel Buira, representante do secretariado do G24. Ele também cobrou do Fundo a fixação de uma data-limite para que o tema seja resolvido. Para os países em desenvolvimento, a reforma deveria ser adota após a reunião que o FMI fará em setembro, em Singapura.
"No plano atual, o primeiro estágio poderá dar cotas maiores a um número muito reduzido de países, que certamente merecem um aumento de sua representatividade", disse Buira. "Nossa preocupação, no entanto, é que, com isso, alguns países digam que a reforma já foi feita e que não se fale mais sobre o assunto nos próximos 10 ou 20 anos."
Além do Brasil, o G24 inclui países como a Argentina, Venezuela, Irã, Índia e Nigéria. A China também faz parte do grupo, como "convidada especial", desde 1981.
Pela proposta em gestação no Fundo, o diretor-gerente Rodrigo de Rato propõe, em um primeiro estágio, um aumento das cotas para países que tiveram um rápido crescimento nos últimos anos, como China e Coréia do Sul. Com isso, eles teriam maior poder de voto nas decisões do organismo.
O segundo passo na reforma ainda não está claro, mas poderá significar um aumento dos chamados "votos básicos" para os países africanos e um possível ajuste no número de assentos no board do Fundo.
Na sexta, o ministro Guido Mantega (Fazenda) mostrou-se apreensivo com o rumo das discussões e disse que o Brasil deve avaliar "com calma" as propostas. O país tem um peso de 1,5% nas decisões do FMI e, segundo Mantega, não quer que uma eventual mudança venha a diminuir a representatividade do Brasil.
Mantega sugeriu que seja usado o critério do tamanho PIB (Produto Interno Bruto) de cada país para rediscutir o sistema de cotas.
Em comunicado, porém, o G24 considerou "imperativa" uma mudança no sistema de cotas. O G7 (EUA, Japão, Alemanha, França, Itália, Canadá e Grã-Bretanha) também apóia mudanças. (FCZ)


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