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Moedas de todo o mundo têm recordes diante do dólar
Emergentes tentam conter avanço de suas divisas para garantir mercado externo
Libra esterlina está na maior cotação desde 1992 e moeda da Índia nunca esteve tão valorizada desde 1999; real está no patamar de 2001
FABRICIO VIEIRA
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é apenas o real que se valoriza diante do dólar. Moedas
em diferentes partes do mundo
ganham terreno em relação à
divisa da maior economia do
mundo. E muitas delas têm se
apreciado de forma mais expressiva que o real.
As moedas se valorizam ao
redor do planeta por conta de
uma reorganização da economia internacional, com o aumento da importância da China e a elevação das negociações
em euro. Também pesa o elevado déficit comercial dos EUA,
país que importa mais do que
exporta bens. E tudo isso em
um ambiente de alta liquidez
internacional -nunca o mundo teve tanto dinheiro disponível. Esses recursos procuram
rendimento fora dos EUA e valorizam as moedas dos países
em que entram, como o Brasil e
demais países emergentes.
Por conta desse cenário, os
governos de outros emergentes, além do Brasil, têm atuado
no mercado de câmbio para
baixar a cotação de suas moedas. Países como Peru e Argentina compram regularmente
dólares para evitar que suas
moedas sigam em rota de apreciação e mantenham competitividade no comércio exterior.
Na Colômbia, onde o peso está em seu maior nível desde novembro de 2000, o mercado local espera medidas como a troca de dívida externa por interna
e a emissão de papéis para segurar a apreciação cambial.
Pelo menos desde 2003 tem
chamado a atenção do mercado
a progressiva perda de valor do
dólar americano. Nas últimas
semanas, moedas quebram recordes sucessivos de valorização diante do dólar.
A libra esterlina alcançou na
semana passada US$ 2, sua
mais alta cotação desde 1992.
Na Austrália, a moeda nacional
bateu em seu mais elevado patamar em relação ao dólar em
17 anos. A rúpia indiana nunca
esteve tão valorizada desde
1999. Nos três países, o mercado prevê aumento de juros para
segurar a inflação.
Real
No Brasil, o real tem sido negociado em seus mais elevados
níveis diante do dólar desde
março de 2001. Na sexta-feira,
o real encerrou as operações ao
câmbio de R$ 2,028 por dólar.
"O Brasil não é um caso isolado de forte apreciação cambial
neste momento. Há uma forte
liquidez internacional que tem
refletido na valorização de
moedas em diferentes lugares
do mundo", afirma Alex Agostini, da Austin Rating.
"E essa apreciação preocupa
bastante os emergentes, especialmente pela perda de competitividade de seus produtos
no mercado internacional", diz
Agostini. Ou seja, as exportações podem perder terreno por
ficarem mais caras em dólar.
Considerando os últimos 12
meses, o real se valorizou 3,8%
diante do dólar. Entre os latinos, um dos que mais têm subido é o peso colombiano, que se
apreciou 9,1% no período.
No Peru, as sucessivas compras de dólares realizadas pelo
governo, que tem chegado a
US$ 50 milhões em apenas um
dia, ajuda a segurar um pouco a
cotação da moeda. Em 12 meses, a alta chega a 4,3%. A expansão das exportações, especialmente de produtos minerais, tem sido um dos pontos de
pressão sobre a moeda do Peru.
Com o dólar em baixa, analistas têm cogitado a possibilidade de países decidirem trocar
as suas reservas internacionais
-hoje majoritariamente em
dólares- para outras moedas
fortes, como o euro ou a libra. A
Rússia, por exemplo, já possui
elevadas reservas em euro. A
China também estuda diversificar suas reservas, que hoje estão em US$ 1,3 trilhão, para obter um maior retorno.
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