São Paulo, sexta-feira, 23 de abril de 2010

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Desequilíbrio global bate no teto, diz Meirelles

ANDRÉ LOBATO
ENVIADO ESPECIAL A COMANDATUBA

O desequilíbrio econômico produzido pela relação de alto consumo americano e elevada poupança chinesa chegou ao ápice, disse ontem o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
"O desequilíbrio chegou ao limite", afirmou no fórum promovido pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais) que acontece em Comandatuba, na Bahia, até sábado.
Nos últimos dias, o governo brasileiro passou a criticar diretamente a desvalorização do yuan como um problema para o sistema econômico mundial, permitindo à China exportar e poupar com mais facilidade. A reclamação da desvalorização artificial da moeda chinesa é historicamente feita pelos EUA e, até recentemente, o Brasil não se posicionava diretamente a respeito.
Se o país asiático "vai ou não valorizar sua moeda, será uma questão importante no G20", afirmou o mandatário do BC, para, logo depois, destacar o Brasil como "líder nas discussões da reforma do sistema financeiro internacional".
Ao ser questionado diretamente sobre o papel da moeda chinesa no desequilíbrio global e sobre qual seria o posicionamento do Brasil no G20, Meirelles foi evasivo: "Mencionei um desequilíbrio de duas partes, de um lado o excesso de consumo dos EUA e do outro a alta poupança na China. Parte importante do processo é o aumento da poupança nos EUA e do consumo na China".

Real
Sobre a valorização do real diante do dólar, Meirelles disse que "muitos apostadores" perderam dinheiro investindo num aumento da moeda brasileira em relação à americana. Para ele, o real não faz mais parte do grupo "vulnerável" de moedas, e sim do conjunto de países exportadores de commodities.
O presidente do BC afirmou ainda que o câmbio pode subir ou baixar, com quase iguais chances, e deve precisar de "ajustes" se o deficit em conta-corrente crescer mais do que o investimento estrangeiro.


O jornalista ANDRÉ LOBATO viajou a convite do Lide (Grupo de Líderes Empresariais)


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