São Paulo, sexta-feira, 23 de abril de 2010

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Em discurso a banqueiros, presidente é aplaudido a cada dois minutos

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

O discurso de Barack Obama em Nova York, ontem, durou menos de meia hora, mas foi interrompido mais de 15 vezes por aplausos da plateia de cerca de 700 pessoas.
Nem parecia que, no auditório da Cooper Union, faculdade privada próxima a Wall Street, estavam figuras poderosas do sistema financeiro, como Lloyd Blankfein, presidente-executivo do Goldman Sachs e um dos opositores à regulamentação dos bancos defendida por Obama.
Para compensar presenças menos amistosas, o histórico "great hall", onde Abraham Lincoln discursou em 1860 contra a escravidão -antes de ser eleito presidente-, foi preenchido por professores e estudantes visivelmente simpáticos ao democrata, que o acolheram como para provar que, para eles, a popularidade de Obama nunca caiu.
A plateia, escolhida e aprovada pela Casa Branca, passou por detectores de metais, revistas e cães-farejadores antes de ocupar o auditório, mais de uma hora antes da entrada do presidente, ontem, por volta das 11h50 (12h50, no horário de Brasília).
Durante o discurso, inúmeros "homens de preto" -seguranças engravatados, com mãos cruzadas à frente do terno escuro e o cinematográfico ponto eletrônico no ouvido- encaravam a plateia, espalhados pelo anfiteatro.
Nas ruas à volta do auditório, no bairro de East Village, sul de Manhattan, alguns moradores reclamavam do trânsito perturbado pela extensa comitiva presidencial, outros se aglomeravam para ver os carros pretos passarem -afinal, é rara a presença do presidente na cidade, e governador e prefeito também estavam lá.
Sobre alguns dos prédios nova-iorquinos, outros membros do serviço secreto americano observavam a multidão.
Obama, mais preocupado com a sua atual prioridade legislativa, evitou sair do figurino. Manteve o tom ponderado do discurso, escrito por assessores e enviado a jornalistas horas antes do pronunciamento, mudando poucas palavras e apenas cuidando para pausar nos momentos em que o texto pedia risadas ou aplausos da plateia.
Duas discretas telas à frente de Obama, uma de cada lado, permitiam que ele lesse o discurso movendo o olhar sobre a plateia -que, por sua vez, encarava o presidente quase sem piscar os olhos, para depois contar a história do dia em que o democrata precisou pedir a compreensão de Wall Street.

FOLHA ONLINE
Leia a coluna de Clóvis Rossi
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