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foco
Em discurso a banqueiros, presidente é aplaudido
a cada dois minutos
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
O discurso de Barack Obama em Nova York, ontem, durou menos de meia hora, mas
foi interrompido mais de 15
vezes por aplausos da plateia
de cerca de 700 pessoas.
Nem parecia que, no auditório da Cooper Union, faculdade privada próxima a Wall
Street, estavam figuras poderosas do sistema financeiro,
como Lloyd Blankfein, presidente-executivo do Goldman
Sachs e um dos opositores à
regulamentação dos bancos
defendida por Obama.
Para compensar presenças
menos amistosas, o histórico
"great hall", onde Abraham
Lincoln discursou em 1860
contra a escravidão -antes de
ser eleito presidente-, foi
preenchido por professores e
estudantes visivelmente simpáticos ao democrata, que o
acolheram como para provar
que, para eles, a popularidade
de Obama nunca caiu.
A plateia, escolhida e aprovada pela Casa Branca, passou
por detectores de metais, revistas e cães-farejadores antes
de ocupar o auditório, mais de
uma hora antes da entrada do
presidente, ontem, por volta
das 11h50 (12h50, no horário
de Brasília).
Durante o discurso, inúmeros "homens de preto" -seguranças engravatados, com
mãos cruzadas à frente do terno escuro e o cinematográfico
ponto eletrônico no ouvido-
encaravam a plateia, espalhados pelo anfiteatro.
Nas ruas à volta do auditório, no bairro de East Village,
sul de Manhattan, alguns moradores reclamavam do trânsito perturbado pela extensa
comitiva presidencial, outros
se aglomeravam para ver os
carros pretos passarem -afinal, é rara a presença do presidente na cidade, e governador
e prefeito também estavam lá.
Sobre alguns dos prédios nova-iorquinos, outros membros do serviço secreto americano observavam a multidão.
Obama, mais preocupado
com a sua atual prioridade legislativa, evitou sair do figurino. Manteve o tom ponderado
do discurso, escrito por assessores e enviado a jornalistas
horas antes do pronunciamento, mudando poucas palavras e apenas cuidando para
pausar nos momentos em que
o texto pedia risadas ou aplausos da plateia.
Duas discretas telas à frente
de Obama, uma de cada lado,
permitiam que ele lesse o discurso movendo o olhar sobre
a plateia -que, por sua vez,
encarava o presidente quase
sem piscar os olhos, para depois contar a história do dia
em que o democrata precisou
pedir a compreensão de Wall
Street.
FOLHA ONLINE
Leia a coluna de Clóvis
Rossi
www.folha.com.br/1011216
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