São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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CONJUNTURA

Instituto eleva projeção do IPCA de 4,7% para 5,2%, e da Selic, de 17% para 17,5%; dólar deve valer R$ 2,52

Ipea prevê mais juros e inflação em 2002

DA SUCURSAL DO RIO

O Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) aumentou as projeções de inflação, juros e superávit da balança comercial para este ano, um dia depois de anunciar a revisão do PIB de 2,5% para 2%.
Enquanto a projeção do índice de custo de vida foi revista de 4,7% para 5,2%, medidos pelo IPCA (índice oficial do IBGE, que baliza a meta de inflação do Banco Central, neste ano com teto de 5,5%), a taxa de juros projetada para dezembro foi corrigida de 17% para 17,5%.
Economistas ouvidos pela Folha avaliam que a correção do Ipea confirma a percepção do próprio governo de deterioração das expectativas econômicas. Mesmo assim, crêem que os técnicos do instituto continuam excessivamente otimistas, principalmente com relação à inflação e ao PIB.
Presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e Globalização), o economista Antônio Correia de Lacerda prevê que o PIB deverá encerrar o ano pouco acima do 1,5% de 2001.
Já o chefe do Departamento de Economia da Confederação Nacional do Comércio, Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central, estima em quase 6% o IPCA deste ano -acima do teto de 5,5% da meta de inflação do governo.
O Ipea prevê que em dezembro o dólar estará cotado a R$ 2,52, o que projeta uma taxa média da moeda americana de R$ 2,45. Tal fato contribuirá para que a balança comercial encerre o ano com saldo de US$ 5,3 bilhões, acima da projeção do Ipea do início deste ano, de US$ 4 bilhões.
"Dois terços do saldo da balança comercial serão resultado basicamente do aumento da substituição de importações, embora haja influência, também, da retração da demanda", disse o coordenador do Grupo de Acompanhamento Conjuntural do Ipea, o economista Paulo Levy .
Levy afirma que tudo leva a crer que a substituição de importações, medida pela participação das importações no consumo aparente de produtos industrializados, decorreu da desvalorização cambial do ano passado. A participação dos importados, no primeiro trimestre deste ano, foi de 13%, ante os 5,4% dos três primeiros meses de 2001.
"Em 2001, houve uma desvalorização real de 20%. Esse percentual é muito alto, o que gera inevitavelmente um efeito muito grande sobre as decisões de investimento das empresas", afirma o economista do Ipea.
Com relação aos juros, Levy disse acreditar que o Banco Central decidiu manter a taxa Selic em 18,5%, ontem, por conta principalmente dos choques externos a que foi submetida a economia. Além do câmbio, a inflação brasileira foi pressionada pelos sucessivos choques externos, principalmente do petróleo.
Para os próximos dois meses, o economista afirmou que a tendência é a de manutenção da taxa no atual patamar, por conta dos reajustes do preços administrados, como na telefonia. Isso não impedirá, segundo ele, um movimento de queda a partir do segundo semestre.
Ao reduzir os juros a partir de julho, afirma Levy, o BC influenciaria a atividade econômica de 2003, para quando estão projetadas uma inflação de 3,8% e uma taxa de juro real de 10,4%.



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