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CONJUNTURA
Instituto eleva projeção do IPCA de 4,7% para 5,2%, e da Selic, de 17% para 17,5%; dólar deve valer R$ 2,52
Ipea prevê mais juros e inflação em 2002
DA SUCURSAL DO RIO
O Ipea (Instituto de Pesquisas
Econômicas Aplicadas) aumentou as projeções de inflação, juros
e superávit da balança comercial
para este ano, um dia depois de
anunciar a revisão do PIB de 2,5%
para 2%.
Enquanto a projeção do índice
de custo de vida foi revista de
4,7% para 5,2%, medidos pelo IPCA (índice oficial do IBGE, que
baliza a meta de inflação do Banco
Central, neste ano com teto de
5,5%), a taxa de juros projetada
para dezembro foi corrigida de
17% para 17,5%.
Economistas ouvidos pela Folha avaliam que a correção do
Ipea confirma a percepção do
próprio governo de deterioração
das expectativas econômicas.
Mesmo assim, crêem que os técnicos do instituto continuam excessivamente otimistas, principalmente com relação à inflação e
ao PIB.
Presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e Globalização), o economista Antônio
Correia de Lacerda prevê que o
PIB deverá encerrar o ano pouco
acima do 1,5% de 2001.
Já o chefe do Departamento de
Economia da Confederação Nacional do Comércio, Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central, estima em quase 6% o
IPCA deste ano -acima do teto
de 5,5% da meta de inflação do
governo.
O Ipea prevê que em dezembro
o dólar estará cotado a R$ 2,52, o
que projeta uma taxa média da
moeda americana de R$ 2,45. Tal
fato contribuirá para que a balança comercial encerre o ano com
saldo de US$ 5,3 bilhões, acima da
projeção do Ipea do início deste
ano, de US$ 4 bilhões.
"Dois terços do saldo da balança
comercial serão resultado basicamente do aumento da substituição de importações, embora haja
influência, também, da retração
da demanda", disse o coordenador do Grupo de Acompanhamento Conjuntural do Ipea, o
economista Paulo Levy .
Levy afirma que tudo leva a crer
que a substituição de importações, medida pela participação
das importações no consumo
aparente de produtos industrializados, decorreu da desvalorização cambial do ano passado. A
participação dos importados, no
primeiro trimestre deste ano, foi
de 13%, ante os 5,4% dos três primeiros meses de 2001.
"Em 2001, houve uma desvalorização real de 20%. Esse percentual é muito alto, o que gera inevitavelmente um efeito muito grande sobre as decisões de investimento das empresas", afirma o
economista do Ipea.
Com relação aos juros, Levy disse acreditar que o Banco Central
decidiu manter a taxa Selic em
18,5%, ontem, por conta principalmente dos choques externos a
que foi submetida a economia.
Além do câmbio, a inflação brasileira foi pressionada pelos sucessivos choques externos, principalmente do petróleo.
Para os próximos dois meses, o
economista afirmou que a tendência é a de manutenção da taxa
no atual patamar, por conta dos
reajustes do preços administrados, como na telefonia. Isso não
impedirá, segundo ele, um movimento de queda a partir do segundo semestre.
Ao reduzir os juros a partir de
julho, afirma Levy, o BC influenciaria a atividade econômica de
2003, para quando estão projetadas uma inflação de 3,8% e uma
taxa de juro real de 10,4%.
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