São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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Ação do BC sinaliza que taxa deve cair

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Economistas e analistas do mercado enxergaram no comportamento do Comitê de Política Monetária (Copom) ontem um recado implícito de que os juros devem voltar a cair em junho. O anúncio do resultado apertado da votação do Copom-que foi de cinco a três a favor da manutenção da taxa- foi encarado como sinal de que cresce o consenso sobre a necessidade de corte da taxa dentro do BC.
"Acho que essa atitude mostra que o Banco Central quis deixar implícito um viés de baixa para os juros", disse Octávio de Barros, economista-chefe do espanhol BBV Banco, que acredita em corte de juros na próxima reunião.
A manutenção dos juros em 18,5% não surpreendeu o mercado, que já esperava conservadorismo por parte do BC. Segundo analistas, a recente elevação do risco-país brasileiro, a piora da crise na Argentina e a preocupação com o cumprimento da meta de inflação neste ano justificam a decisão do Copom.
"A decisão não só era esperada , como foi também acertada se considerarmos os riscos ainda presentes tanto do lado externo, como os do próprio Brasil", disse Alexandre Fischer, economista-chefe da RC Consultores.
Na opinião de analistas, uma possível redução da taxa de juros neste momento indicaria motivação eleitoral por trás da decisão do BC. Um corte de juros agora não teria impacto positivo sobre a economia antes de, no mínimo, seis meses, mas poderia melhorar a credibilidade do governo com os eleitores.
Embora a decisão do Copom não tenha surpreendido o mercado, o dólar subiu ontem, principalmente por causa da saída de recursos do país e de rumores sobre novas pesquisas eleitorais. Nos últimos dois dias, o cupom cambial -que mede a remuneração fixa em juros paga pelos papéis indexados ao dólar- também voltou a subir e já preocupa o mercado. Os bancos acabam perdendo dinheiro indiretamente sempre que o cupom cambial sobe, porque deixam de ganhar uma taxa de juros mais alta do que as pagas pelos papéis cambiais que já têm em carteira.



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