São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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MERCADO ACIONÁRIO

Pregão viva-voz deve ser extinto até o fim do ano; negociações serão todas por computador

Crise deve silenciar gritaria na Bovespa

SERGIO RIPARDO
DO FOLHANEWS

Símbolo centenário do mercado de ações, o pregão da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) deve ser extinto até o final do ano. A negociação deixará de ser movida a gritos e gestos dos operadores e será feita por computadores, que hoje respondem por 35% do volume de transações.
No auge do pregão, criado com a Bolsa em 1890, o recinto abrigava 1.500 profissionais. Hoje, são apenas 280. Neste ano, 13 corretoras de um total de 120 encerraram suas atividades na Bolsa.
Elas fogem do prejuízo com o esvaziamento dos negócios, os custos de corretagem, os gastos para manter a telefonia e registro manual das operações.
Para planejar o fim do chamado pregão viva-voz, a Bovespa criou uma comissão que negocia com os operadores a transição para o sistema eletrônico. A idéia é incentivar o remanejamento dos profissionais por meio de cursos de requalificação, organizados pela Força Sindical.
"Infelizmente, a tendência é o fim do pregão viva-voz. O mercado encolheu muito. E, como em qualquer setor, a tecnologia está eliminando funções", disse o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano Filho, 59. "O pregão não resiste até o final do ano", diz o dono da corretora Dias de Souza, Arthur Celso Dias de Souza, que já foi conselheiro da Bovespa.
Segundo Magliano, os custos do pregão eletrônico são menores, o que motivou o fim do viva-voz na Europa. Já a Bolsa de Nova York mantém o pregão viva-voz como forma de preservar a tradição.
As corretoras estão pessimistas com o futuro dos profissionais. "Fui obrigado a demitir profissionais antigos, com mais de 50 anos, que não se adaptaram ao sistema eletrônico", diz Souza.

Resistência
A Bovespa deverá enfrentar resistências para acabar com o pregão viva-voz. O vice-presidente do Corp (Conselho de Operadores, Representantes e Profissionais da Bolsa), Wellington Balderrama Reis, afirma que a entidade está disposta a lutar contra o fim do pregão.



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