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MERCADO ACIONÁRIO
Pregão viva-voz deve ser extinto até o fim do ano; negociações serão todas por computador
Crise deve silenciar gritaria na Bovespa
SERGIO RIPARDO
DO FOLHANEWS
Símbolo centenário do mercado
de ações, o pregão da Bovespa
(Bolsa de Valores de São Paulo)
deve ser extinto até o final do ano.
A negociação deixará de ser movida a gritos e gestos dos operadores e será feita por computadores,
que hoje respondem por 35% do
volume de transações.
No auge do pregão, criado com
a Bolsa em 1890, o recinto abrigava 1.500 profissionais. Hoje, são
apenas 280. Neste ano, 13 corretoras de um total de 120 encerraram
suas atividades na Bolsa.
Elas fogem do prejuízo com o
esvaziamento dos negócios, os
custos de corretagem, os gastos
para manter a telefonia e registro
manual das operações.
Para planejar o fim do chamado
pregão viva-voz, a Bovespa criou
uma comissão que negocia com
os operadores a transição para o
sistema eletrônico. A idéia é incentivar o remanejamento dos
profissionais por meio de cursos
de requalificação, organizados
pela Força Sindical.
"Infelizmente, a tendência é o
fim do pregão viva-voz. O mercado encolheu muito. E, como em
qualquer setor, a tecnologia está
eliminando funções", disse o presidente da Bovespa, Raymundo
Magliano Filho, 59. "O pregão
não resiste até o final do ano", diz
o dono da corretora Dias de Souza, Arthur Celso Dias de Souza,
que já foi conselheiro da Bovespa.
Segundo Magliano, os custos do
pregão eletrônico são menores, o
que motivou o fim do viva-voz na
Europa. Já a Bolsa de Nova York
mantém o pregão viva-voz como
forma de preservar a tradição.
As corretoras estão pessimistas
com o futuro dos profissionais.
"Fui obrigado a demitir profissionais antigos, com mais de 50 anos,
que não se adaptaram ao sistema
eletrônico", diz Souza.
Resistência
A Bovespa deverá enfrentar resistências para acabar com o pregão viva-voz. O vice-presidente do Corp (Conselho de Operadores, Representantes e Profissionais da Bolsa), Wellington Balderrama Reis, afirma que a entidade está disposta a lutar contra o fim do pregão.
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