São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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Cargo era mantido por pressão da indústria de SP e de exportadores

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O setor exportador brasileiro e a indústria paulista foram os responsáveis pela manutenção do secretário Roberto Giannetti da Fonseca na Câmara de Comércio Exterior depois que o embaixador Sergio Amaral assumiu o Ministério do Desenvolvimento, em agosto do ano passado.
Segundo fontes do setor privado, que lamentaram a saída de Giannetti do governo, já em sua primeira semana no cargo, Amaral pretendia demitir Giannetti do cargo. O secretário manteve-se na posição por causa dos pedidos de industriais paulistas e de empresas exportadoras.
Amaral negou que tenha tido a intenção de substituir Giannetti. "Nunca ninguém me fez qualquer gestão para tirar ou manter Giannetti, e, quando eu assumi, tinha a intenção de mantê-lo", disse o ministro.
Foram as pressões do setor siderúrgico, porém, liderado pela CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), que culminaram na saída de Giannetti. Desde que os Estados Unidos anunciaram a adoção de novas barreiras protecionistas ao aço, o setor siderúrgico vem pressionando o governo para aumentar o Imposto de Importação do produto.
Giannetti manifestou-se contrário à medida, e Amaral disse, em audiência realizada no Congresso, que o chefe da Camex não estava autorizado a falar sobre o assunto. A partir desse episódio, aumentou o isolamento de Giannetti no ministério, que começou com a saída do ex-ministro Alcides Tápias.
Desde a saída de Tápias, a participação de Giannetti no ministério passou a ser mais periférica. Raramente Amaral convidava o secretário para entrevistas, e Giannetti convocava os jornalistas geralmente quando o ministro estava fora de Brasília.

Experiência
A avaliação de exportadores, que não quiseram se identificar para não prejudicar suas relações com Amaral, é que o governo troca o comando da Camex justamente quando as exportações estão caindo por causa da retração da economia mundial.
Os empresários também questionaram o fato de o ministro ter substituído Giannetti, um especialista experiente, por um profissional do setor de café, quando o governo quer aumentar as exportações de manufaturados.
Giannetti deixa o governo no momento em que as exportações estão caindo em cerca de 12% em relação ao total exportado no ano passado e depois de lançar vários programas que ainda não foram executados.
Para o setor privado, a maior contribuição de Giannetti foi disseminar a cultura exportadora entre os empresários e expor as dificuldades existentes no país para exportar.
A maioria das medidas arquitetadas por ele, porém, estão emperradas na burocracia do governo, como a criação dos aeroportos industriais, a desoneração dos Imposto de Renda para a promoção comercial e a desburocratização do sistema intermodal de transporte, por exemplo. (CLÁUDIA DIANNI)

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