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Cargo era mantido por pressão da indústria de SP e de exportadores
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O setor exportador brasileiro e
a indústria paulista foram os responsáveis pela manutenção do
secretário Roberto Giannetti da
Fonseca na Câmara de Comércio
Exterior depois que o embaixador
Sergio Amaral assumiu o Ministério do Desenvolvimento, em
agosto do ano passado.
Segundo fontes do setor privado, que lamentaram a saída de
Giannetti do governo, já em sua
primeira semana no cargo, Amaral pretendia demitir Giannetti do
cargo. O secretário manteve-se na
posição por causa dos pedidos de
industriais paulistas e de empresas exportadoras.
Amaral negou que tenha tido a
intenção de substituir Giannetti.
"Nunca ninguém me fez qualquer
gestão para tirar ou manter Giannetti, e, quando eu assumi, tinha a
intenção de mantê-lo", disse o
ministro.
Foram as pressões do setor siderúrgico, porém, liderado pela
CSN (Companhia Siderúrgica
Nacional), que culminaram na
saída de Giannetti. Desde que os
Estados Unidos anunciaram a
adoção de novas barreiras protecionistas ao aço, o setor siderúrgico vem pressionando o governo
para aumentar o Imposto de Importação do produto.
Giannetti manifestou-se contrário à medida, e Amaral disse, em
audiência realizada no Congresso, que o chefe da Camex não estava autorizado a falar sobre o assunto. A partir desse episódio, aumentou o isolamento de Giannetti no ministério, que começou
com a saída do ex-ministro Alcides Tápias.
Desde a saída de Tápias, a participação de Giannetti no ministério passou a ser mais periférica.
Raramente Amaral convidava o
secretário para entrevistas, e
Giannetti convocava os jornalistas geralmente quando o ministro
estava fora de Brasília.
Experiência
A avaliação de exportadores,
que não quiseram se identificar
para não prejudicar suas relações
com Amaral, é que o governo troca o comando da Camex justamente quando as exportações estão caindo por causa da retração
da economia mundial.
Os empresários também questionaram o fato de o ministro ter
substituído Giannetti, um especialista experiente, por um profissional do setor de café, quando o governo quer aumentar as exportações de manufaturados.
Giannetti deixa o governo no
momento em que as exportações
estão caindo em cerca de 12% em
relação ao total exportado no ano
passado e depois de lançar vários
programas que ainda não foram
executados.
Para o setor privado, a maior
contribuição de Giannetti foi disseminar a cultura exportadora
entre os empresários e expor as
dificuldades existentes no país para exportar.
A maioria das medidas arquitetadas por ele, porém, estão emperradas na burocracia do governo, como a criação dos aeroportos industriais, a desoneração dos Imposto de Renda para a promoção comercial e a desburocratização do sistema intermodal de transporte, por exemplo.
(CLÁUDIA DIANNI)
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