São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 2006

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H-Bio só vai ser viável se for feito à base de soja

Para o Cepea, oleaginosa é único grão cuja produção pode suprir demanda

Petrobras pretende iniciar produção do combustível em escala comercial a partir do próximo ano, com 10% de óleo vegetal no produto

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Operadora de planta piloto da unidade de pesquisas da Petrobras manipula um frasco com H-Bio


DA SUCURSAL DO RIO

O H-Biodiesel, novo combustível da Petrobras derivado de óleo vegetal e petróleo, só será viável em escala nacional se feito a partir da soja, avalia Leandro Ponchio, especialista do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/Esalq.
É que os demais grãos não produzem volumes suficientes de óleo para suportar a quantidade necessária para a produção do novo diesel, produzido inicialmente com 10% de óleo vegetal e 90% de petróleo.
A única opção viável à soja, diz Ponchio, é o óleo de caroço de algodão, mas sua oferta só é suficiente para atender a Nordeste e Centro-Oeste. O Brasil produz 300 mil m3 de óleo de algodão ao ano.
A Petrobras começará a produzir o H-Bio em escala comercial a partir do ano que vem.
Além de volume, a soja oferece os melhores preços do que os demais óleos vegetais. Estudo do Cepea feito para analisar a viabilidade comercial do biodiesel convencional mostra que o custo de produção seria de R$ 1,25 no caso de óleo de soja fosse a matéria-prima utilizada em São Paulo. Com óleo de amendoim, o preço ficaria em R$ 1,60 no Estado.
A diferença entre o biodiesel convencional e o H-Bio está no processo de produção. O primeiro é produzido exclusivamente a partir de óleo vegetal em unidades próprias para sua fabricação -na semana passada, a Petrobras inaugurou duas no Rio Grande do Norte. Depois de pronto, o biodiesel 100 (100% de origem vegetal) é adicionado ao diesel derivado de petróleo pelas distribuidoras.
Já o H-Bio é produzido a partir de uma mistura de petróleo e óleo vegetal que é refinada num processo único, resultando em apenas um produto final (o H-Bio) que já sai pronto da refinarias e com as mesmas características do diesel derivado de petróleo.
O produto é também alternativa de suprimento, diz o economista Hélder Queiroz, do Grupo de Economia da Energia da UFRJ. Está, segundo ele, em linha com a tendência mundial de ter mais de um combustível para uma mesma aplicação. "O H-Bio vai na mesma direção de aumentar o processo de diversificação da matriz energética", diz.


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