São Paulo, quarta-feira, 23 de maio de 2007

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Fundo de pensão migra dos títulos públicos para a Bolsa

Até março, fundos retiraram R$ 3 bilhões da renda fixa para aplicar na variável

Com total de ativos que representam 16,7% do PIB, setor procura rentabilidade maior por conta da queda da taxa básica de juros


JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os fundos de pensão iniciaram no primeiro trimestre do ano um movimento de migração de investimentos em títulos públicos federais para aplicações em Bolsa por conta da trajetória de queda da taxa básica de juros.
Dados da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar) mostram que até março os fundos retiraram R$ 3 bilhões da renda fixa para investir em renda variável.
Segundo o presidente da associação, Fernando Pimentel, esse é só o começo de uma lenta mudança na estratégia de investimento das entidades. "Somos investidores de longo prazo. Essa migração não precisa ser feita abruptamente", declarou Pimentel, ao divulgar o crescimento dos investimentos dos fundos de pensão no primeiro trimestre do ano.
De janeiro a março, esses investimentos atingiram R$ 365,364 bilhões, o que representa uma rentabilidade no período de 3,7%. Com o resultado, o total de ativos do setor já chega a 16,7% do PIB (soma das riquezas produzidas no país).
Na avaliação da Abrapp, a migração dos investimentos da renda fixa para a variável não significa que os fundos passarão a vender os papéis do governo para redirecionar suas aplicações. O plano das entidades é manter os títulos em carteira até o vencimento, já que há um deságio na venda antecipada.
"Não vamos resgatar os títulos, pagando um deságio para migrar de investimento. Esperamos que esses títulos vençam para fazer a migração", afirma Pimentel. Atualmente, cerca de 70% dos investimentos dos fundos estão concentrados em títulos públicos, e quase 30%, em renda variável. A legislação permite que as aplicações em Bolsa atinjam 50%. A autorização para investimento em renda fixa é de até 100% dos recursos dos fundos.

CMN
A Abrapp espera para a próxima reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional) uma flexibilização dessas regras, que tratam dos limites para enquadramento das entidades nos vários tipos de aplicação. A proposta apresentada pela associação ao governo é ampliar para 720 dias o atual prazo que as entidades têm para se enquadrar no limite de aplicação em renda variável. O prazo atual é de 180 dias.
Pimentel ressalta que a queda dos juros -e a conseqüente saída dos fundos da renda fixa- esbarra na dificuldade de encontrar "produtos" disponíveis no mercado. "O grande desafio para os fundos é encontrar rentabilidade em um cenário de viés de baixa dos juros. Estamos procurando produtos, queremos direcionar para o capital produtivo. Não temos nenhuma restrição às PPP [Parcerias Público-Privadas] e ao PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]."
Segundo ele, é preciso haver, no entanto, mais clareza do governo sobre as características dos projetos do PAC e maior segurança jurídica para que haja investimento nas PPPs.
Para a associação, a elevação do Brasil a grau de investimento (recomendação para investir) pelas agências internacionais de classificação de risco deverá ampliar a oferta de "produtos" no país.
Com a reclassificação, o Brasil atrairia mais capital estrangeiro e o mercado diversificaria as opções para os investidores de fora e locais.


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