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Fundo de pensão migra dos títulos públicos para a Bolsa
Até março, fundos retiraram R$ 3 bilhões da renda fixa para aplicar na variável
Com total de ativos que representam 16,7% do PIB, setor procura rentabilidade maior por conta da queda
da taxa básica de juros
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os fundos de pensão iniciaram no primeiro trimestre do
ano um movimento de migração de investimentos em títulos públicos federais para aplicações em Bolsa por conta da
trajetória de queda da taxa básica de juros.
Dados da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades
Fechadas de Previdência Complementar) mostram que até
março os fundos retiraram R$ 3
bilhões da renda fixa para investir em renda variável.
Segundo o presidente da associação, Fernando Pimentel,
esse é só o começo de uma lenta
mudança na estratégia de investimento das entidades. "Somos investidores de longo prazo. Essa migração não precisa
ser feita abruptamente", declarou Pimentel, ao divulgar o
crescimento dos investimentos
dos fundos de pensão no primeiro trimestre do ano.
De janeiro a março, esses investimentos atingiram R$
365,364 bilhões, o que representa uma rentabilidade no período de 3,7%. Com o resultado,
o total de ativos do setor já chega a 16,7% do PIB (soma das riquezas produzidas no país).
Na avaliação da Abrapp, a migração dos investimentos da
renda fixa para a variável não
significa que os fundos passarão a vender os papéis do governo para redirecionar suas aplicações. O plano das entidades é
manter os títulos em carteira
até o vencimento, já que há um
deságio na venda antecipada.
"Não vamos resgatar os títulos, pagando um deságio para
migrar de investimento. Esperamos que esses títulos vençam
para fazer a migração", afirma
Pimentel. Atualmente, cerca de
70% dos investimentos dos
fundos estão concentrados em
títulos públicos, e quase 30%,
em renda variável. A legislação
permite que as aplicações em
Bolsa atinjam 50%. A autorização para investimento em renda fixa é de até 100% dos recursos dos fundos.
CMN
A Abrapp espera para a próxima reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional) uma
flexibilização dessas regras,
que tratam dos limites para enquadramento das entidades
nos vários tipos de aplicação. A
proposta apresentada pela associação ao governo é ampliar
para 720 dias o atual prazo que
as entidades têm para se enquadrar no limite de aplicação
em renda variável. O prazo
atual é de 180 dias.
Pimentel ressalta que a queda dos juros -e a conseqüente
saída dos fundos da renda fixa- esbarra na dificuldade de
encontrar "produtos" disponíveis no mercado. "O grande desafio para os fundos é encontrar rentabilidade em um cenário de viés de baixa dos juros.
Estamos procurando produtos,
queremos direcionar para o capital produtivo. Não temos nenhuma restrição às PPP [Parcerias Público-Privadas] e ao
PAC [Programa de Aceleração
do Crescimento]."
Segundo ele, é preciso haver,
no entanto, mais clareza do governo sobre as características
dos projetos do PAC e maior segurança jurídica para que haja
investimento nas PPPs.
Para a associação, a elevação
do Brasil a grau de investimento (recomendação para investir) pelas agências internacionais de classificação de risco
deverá ampliar a oferta de
"produtos" no país.
Com a reclassificação, o Brasil atrairia mais capital estrangeiro e o mercado diversificaria
as opções para os investidores
de fora e locais.
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