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Ruralistas conseguem vantagem em MP do PAC
Arrendamento de terra por produto será isento de IR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo sofreu uma derrota para a bancada ruralista, mas
conseguiu concluir a aprovação
da medida provisória do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) mais disputada
pelo lobby empresarial.
A MP, que segue agora para a
sanção presidencial, tem como
objetivo central criar incentivos fiscais para investimentos
em infra-estrutura. No Congresso, o texto acabou inchado
por benefícios tributários para
produtos tão diversos como
queijo provolone e medalhas
para os Jogos Pan-Americanos.
Na votação de ontem, a segunda e definitiva pela Câmara
dos Deputados, o Palácio do
Planalto derrubou quatro dos
dez acréscimos à MP feitos pelo
Senado -o principal deles era
um programa de parcelamento
de dívidas com a Receita Federal com descontos de até 97%.
Essa mesma proposta havia
sido aprovada pelo Congresso
no ano passado e vetada pelo
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, a partir de uma recomendação da Receita Federal.
A bancada dos parlamentares ligados ao setor agrícola, porém, conseguiu manter no texto a redução da tributação sobre o arrendamento rural. Os
governistas votaram contra a
proposta, mas perderam por
255 a 157, na primeira derrota
em uma votação ligada ao PAC.
Hoje, o arrendamento rural
-operação pela qual o proprietário cede o uso da terra em troca de um pagamento fixo- é
tributado pelo Imposto de Renda como aluguel, com alíquotas
de até 27,5%. O texto aprovado
dá ao arrendamento a série de
vantagens tributárias oferecidas à atividade rural.
Proposta semelhante já foi
aprovada pelo Congresso e vetada, em janeiro último, por
Lula. Desta vez, a regra se aplica
apenas aos arrendamentos fixados em quantidade de produto. Segundo os ruralistas, essa
modalidade impõe aos proprietários riscos da atividade rural.
Desde que começou a tramitar no Congresso, em fevereiro,
a MP da desoneração tributária
recebeu 151 propostas de modificação de parlamentares, grande parte delas concentrada nos
setores elétrico e rural, influentes no Congresso e assíduos nas
discussões de benefícios fiscais
-e ambos atendidos, ao menos
parcialmente.
A principal providência da
MP é um regime tributário especial, válido para obras nos setores de transportes, portos,
energia e saneamento básico,
em que as empresas envolvidas
ficam livres, por cinco anos, da
cobrança de PIS e Cofins sobre
a aquisição de máquinas, equipamentos e materiais de construção. Na Câmara, o relator
Odair Cunha (PT-SP) acrescentou no regime o setor de irrigação e as empresas subcontratadas para as obras.
Na medida há ainda a ampliação de prazos para o pagamento de impostos e contribuições, redução de multas fiscais
e outros benefícios. Apesar da
variedade, a renúncia fiscal é
minúscula diante das promessas do governo antes do lançamento do PAC. Pela estimativa
da Receita, a perda será de R$
1,15 bilhão neste ano, sem contar inovações dos deputados.
Votação no Senado
O Senado adiou para hoje a
votação das duas últimas MPs
que integram o PAC. O baixo
quórum no plenário fez com
que os líderes governistas
adiassem a votação da medida
que repassa R$ 5 bilhões do patrimônio do FGTS para um
fundo de investimentos que
aplicará em infra-estrutura.
A MP que capitaliza a CEF
teve seu texto básico aprovado
sem alterações em relação ao
votado na Câmara, mas hoje os
senadores apreciam emendas
que ainda podem alterar o texto. As duas MPs perdem validade na semana que vem.
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