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análise
Analistas do Goldman falam, e o preço sobe
JAVIER BLAS
SARAH O'CONNOR
DO "FINANCIAL TIMES", EM LONDRES
Ali Naimi vem sendo o homem mais poderoso do mercado petroleiro desde que foi
indicado como ministro do
Petróleo da Arábia Saudita,
em 1995. A menor indicação
que ele ofereça sobre a futura
oferta ou os preços pode causar disparada ou mergulho
de preços nesse mercado.
Mas a influência de Naimi
vem sendo ameaçada por um
grupo de analistas de Wall
Street e da City de Londres,
cujas previsões de preços e
recomendações financeiras
estão não só causando movimento nos preços "spot" (à
vista) como dando forma a
tendências de prazo maior.
Entre aqueles com mais
chances de assumir o posto
de Naimi estão Jeffrey Currie e Arjun N. Murti, do
Goldman Sachs. Há três semanas, Murti sugeriu que o
preço do barril pode chegar a
US$ 200 em até dois anos.
"A atual crise de energia
pode estar chegando a um pico", ele declarou em 5 de
maio. Isso imediatamente
gerou novo recorde nos preços do mercado "spot", mas
também deflagrou alta sem
precedentes nos preços de
longo prazo, como os de contatos para entrega em 2016.
A tendência de alta foi reforçada na sexta passada,
quando Currie recomendou
a investidores comprar contratos futuros de longo prazo
de petróleo. "Estamos em
uma fase de alterações estruturais de preços", disse. "Por
isso, investidores devem evitar os preços "spot" a fim de
evitar as questões cíclicas de
curto prazo e optar pelos
preços de longo prazo, com
os quais terão posição melhor para lucrar com a mudança de preços."
Desde que a primeira projeção do Goldman foi divulgada, no dia 5, os preços de
longo prazo subiram 27%,
enquanto os preços "spot"
subiam 10,9%, rompendo o
tradicional elo que unia firmemente os preços presentes e os de longo prazo.
O Goldman Sachs se destaca entre as demais instituições por dois motivos: exerce
papel proeminente como
operador de petróleo com recursos próprios e conquistou
credibilidade ao prever uma
alta anterior no petróleo.
Murti previu em março de
2005, quando o petróleo era
negociado a US$ 55 por barril, que os preços poderiam
sofrer uma "superdisparada"
para US$ 105 por barril.
Mas Naimi provavelmente
não se preocupa muito com o
poder adquirido por esse pequeno grupo de analistas.
Afinal, sabe que pode
eclipsá-los a qualquer momento, porque tem sob controle a mais poderosa arma
no mercado: a imensa produção de petróleo de seu país,
ainda a maior do mundo.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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