São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2008

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análise

Analistas do Goldman falam, e o preço sobe

JAVIER BLAS
SARAH O'CONNOR
DO "FINANCIAL TIMES", EM LONDRES

Ali Naimi vem sendo o homem mais poderoso do mercado petroleiro desde que foi indicado como ministro do Petróleo da Arábia Saudita, em 1995. A menor indicação que ele ofereça sobre a futura oferta ou os preços pode causar disparada ou mergulho de preços nesse mercado.
Mas a influência de Naimi vem sendo ameaçada por um grupo de analistas de Wall Street e da City de Londres, cujas previsões de preços e recomendações financeiras estão não só causando movimento nos preços "spot" (à vista) como dando forma a tendências de prazo maior.
Entre aqueles com mais chances de assumir o posto de Naimi estão Jeffrey Currie e Arjun N. Murti, do Goldman Sachs. Há três semanas, Murti sugeriu que o preço do barril pode chegar a US$ 200 em até dois anos.
"A atual crise de energia pode estar chegando a um pico", ele declarou em 5 de maio. Isso imediatamente gerou novo recorde nos preços do mercado "spot", mas também deflagrou alta sem precedentes nos preços de longo prazo, como os de contatos para entrega em 2016.
A tendência de alta foi reforçada na sexta passada, quando Currie recomendou a investidores comprar contratos futuros de longo prazo de petróleo. "Estamos em uma fase de alterações estruturais de preços", disse. "Por isso, investidores devem evitar os preços "spot" a fim de evitar as questões cíclicas de curto prazo e optar pelos preços de longo prazo, com os quais terão posição melhor para lucrar com a mudança de preços."
Desde que a primeira projeção do Goldman foi divulgada, no dia 5, os preços de longo prazo subiram 27%, enquanto os preços "spot" subiam 10,9%, rompendo o tradicional elo que unia firmemente os preços presentes e os de longo prazo.
O Goldman Sachs se destaca entre as demais instituições por dois motivos: exerce papel proeminente como operador de petróleo com recursos próprios e conquistou credibilidade ao prever uma alta anterior no petróleo.
Murti previu em março de 2005, quando o petróleo era negociado a US$ 55 por barril, que os preços poderiam sofrer uma "superdisparada" para US$ 105 por barril.
Mas Naimi provavelmente não se preocupa muito com o poder adquirido por esse pequeno grupo de analistas.
Afinal, sabe que pode eclipsá-los a qualquer momento, porque tem sob controle a mais poderosa arma no mercado: a imensa produção de petróleo de seu país, ainda a maior do mundo.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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