MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ANCARA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu com surpresa ao anúncio de que a Vale irá cortar 37% dos investimentos planejados para este ano. Ele disse que não há motivos para a redução, já que a empresa tem "muito dinheiro" em caixa.
"Eu estive com o Roger [Agnelli, presidente da Vale] há 15 dias, conversamos sobre os investimentos dele no Pará e estou surpreso com essa informação que vocês estão me dando", afirmou aos jornalistas na capital da Turquia. O presidente disse que quer saber melhor que tipo de investimento deixará de ser feito antes de emitir uma opinião mais embasada.
Lula criticou a política da empresa de não construir siderúrgicas "sob a alegação de que não pode competir com seus clientes. Eu acho um erro histórico, porque, assim, ela iria exportar valor agregado, e não apenas minério de ferro".
Apesar disso, Lula disse que a empresa tem compromisso de construir uma siderúrgica com uma companhia japonesa no Espírito Santo, uma no Rio de Janeiro e outra no Pará.
Lula acrescentou que a Vale "tem muito dinheiro em caixa" e que o corte pode não ser necessariamente em projetos no Brasil. "De qualquer forma, eu só posso falar sobre isso quando conversar com o Roger para ver quais são os problemas que a Vale está enfrentando", disse.
Ao contrário de Lula, o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, não mostrou surpresa com o anúncio da Vale. Para ele, a decisão de cortar investimentos "não é boa, mas também não é preocupante". Segundo ele, a queda na produção atinge empresas de todo o mundo e é natural que haja menos investimentos.


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