São Paulo, sábado, 23 de maio de 1998

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INFORMÁTICA
Empresa queria adiar por mais sete meses entrega de respostas sobre acusação de prática de monopólio
Julgamento da Microsoft será em setembro

ALESSANDRA BLANCO
de Nova York

O juiz Thomas Penfield Jackson marcou ontem o julgamento do caso Microsoft para o dia 8 de setembro.
Jackson aceitou o pedido da empresa para transformar em um só processo as duas ações movidas pelo Departamento de Justiça dos EUA e por procuradores de 20 Estados norte-americanos. No entanto, negou seu pedido para adiar por sete meses o prazo para a entrega de suas respostas às questões colocadas pelo governo.
A Microsoft deverá entregar sua resposta e toda a documentação referente ao processo até 28 de julho. "Com todo o respeito pela sua excelência, mas não é tempo suficiente para nós", disse o advogado da Microsoft, John Warden, ao juiz, ao saber da decisão. "Eu acredito que é", afirmou o juiz.
A Microsoft está sendo acusada por usar o monopólio já conquistado pelo seu Windows para forçar os consumidores a adquirirem também o seu browser Explorer, que dá acesso à Internet.
Ao comprar o Windows 98, o consumidor já terá junto o Explorer, e o governo quer obrigar a empresa a instalar também o browser de sua concorrente, a Netscape Communications.
A decisão do juiz ontem foi exatamente um meio-termo do que queria a Microsoft e os procuradores dos Estados. A empresa queria entregar sua resposta só em dezembro, e os procuradores queriam uma decisão preliminar do juiz sobre o caso já em 18 de junho, antes do prazo anunciado pela Microsoft para começar a vender o Windows 98, em 25 de junho. O governo já informou que não tentará impedir a venda.
Após a primeira reunião com o juiz, os dois lados também já estavam se pronunciando como favorecidos.
"Essa data (8 de setembro) pode dar aos consumidores uma vitória muito mais rápida do que qualquer um imaginava", disse o procurador do Estado de Connecticut, Richard Blumenthal. Segundo ele, prolongar o período para a resposta da empresa não iria "servir aos interesses de ninguém, exceto da Microsoft, que poderia continuar com suas práticas anticompetitivas e atrapalhar a ação da corte até o Windows 99 ou 2000".
Já a assessora de imprensa para o setor internacional da Microsoft, Erin Brewer, disse ontem à Folha que a Microsoft está "satisfeita" com a decisão do juiz.
"Estamos agradecidos por ele ter reconhecido que a Microsoft precisava de mais tempo e não ter aceitado o prazo de 18 de junho pedido pelo governo", disse.
Segundo Brewer, a empresa agora trabalhará para reunir todos os documentos necessários para a resposta em 28 de julho. Brewer disse não acreditar que o fato de o julgamento ocorrer alguns meses depois de os consumidores já estarem usando o Windows 98 possa influenciar na decisão, mas que há ainda uma série de detalhes a serem discutidos.
Quanto à discussão colocada pelos analistas de que o poder de desenvolvimento da Microsoft é tão grande que poderá deixar o assunto já ultrapassado quando tiver uma decisão final, Brewer disse que "a empresa tem todo o direito de inovar e continuará inovando". "Finalizamos agora um novo produto que será colocado à venda como o mais avançado no mercado. Então, já estamos começando pesquisas para novos produtos que sejam melhores ainda", disse.



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